Review | Sweet Tooth (Netflix)

Antes de tudo, é importante saber que Sweet Tooth, novidade da Netflix, é baseado na história em quadrinhos homônima de Jeff Lemire, um dos mais respeitados quadrinistas da atualidade, e conta com Robert Downey Jr. entre seus produtores executivos.

Pronto, agora você já sabe que está em boas mãos, certo? Espera, mas nem sempre esse conjunto de qualidades é sinônimo de sucesso. Fique tranquilo, este não é o caso. Com algumas mudanças pontuais no roteiro original dos quadrinhos, esta adaptação é o filme ideal para estes tempos de pandemia.

Disponível na plataforma de streaming desde 4 de junho, a série vem colhendo boas notas e muitos elogios ao longo dos seus oito episódios de estreia. Vamos aos fatos:

Nosso cenário é um futuro pós-apocalíptico, dez anos após o evento conhecido como ‘O Flagelo’ acabar com a Terra, deixando poucos sobreviventes. Depois disso, todas as crianças nascidas são de uma nova espécie, os híbridos, mistura entre humanos e animais.

Protagonista

Nosso protagonista é Gus (Christian Convery, de Descendentes e Brincando com Fogo), um garoto de 10 anos com orelhas e chifres de cervo, que vive em uma cabana com seu pai (Will Forte, de A Lavanderia), longe de qualquer resquício de civilização.

Bastante curioso, Gus vive questionando seu pai sobre o que aconteceu e o que tem lá fora, após os limites da cerca. Quando acontecimentos inesperados obrigam o menino a se virar sozinho, ele conhece Tommy Jepperd (Nonso Anozie, de Game of Thrones), um famoso ex-jogador de futebol americano, e resolve acompanhá-lo em uma jornada em busca de informações sobre o seu passado.

Nada de clichê

Mesmo que Sweet Tooth se passe neste cenário pós-apocalíptico, que já vimos em tantas outras histórias, aqui ela é contada de forma instigante. Ao longo de sua jornada, é interessante acompanhar como Gus absorve detalhes do que aconteceu e como está sendo viver nesse novo mundo.

Grande parte desse êxito resulta na interpretação de Christian Convery. Gus é carismático e sua ingenuidade encaixa com os desafios de ter vivido isolado, sem conhecer de perto a pior parte do mundo fora da cerca, onde sua espécie está sendo caçada.

Ao mesmo tempo, essa ingenuidade faz de Gus um herói improvável, que descobre os desafios do mundo exterior sem desistir de suas convicções. É impossível acompanhá-lo e não torcer para que tenha êxito em sua missão, mesmo que diversos desafios apareçam.

Aliás, Gus não é o único personagem que vale a pena em Sweet Tooth. O Grandão vivido por Nonso Anozie faz o contraponto perfeito à doçura do menino e a química entre ambos é muito bem explorada.

Destaque ainda para Adeel Akhtar (Enola Holmes) como o Dr. Aditya; Dania Ramirez (X-Men e o Confronto Final) como Aimee, dona da Reserva; a jovem Stefania LaVie Owen (Paper Spiders) como Ursa; e Neil Sandilands (Relatos do Mundo) como o General Abbot.

Sem pressa ou enrolação, os personagens são bem construídos e ocupam de forma coerente os oito episódios, estimulando a imaginação do público para os próximos passos de cada um dentro deste novo mundo pós-apocalíptico.

Pandemia

Aliás, é impossível assistir esta adaptação da obra de Jeff Lemire e não estabelecer paralelos com a pandemia que estamos atravessando. É claro que a ficção é muito mais presente em Sweet Tooth com seus híbridos, mas a luta da humanidade contra um vírus desconhecido está lá.

É a vida imitando a arte, já que a HQ foi originalmente lançada entre 2009 e 2013, ao longo de 40 edições no mercado norte-americano, pelo prestigiado selo Vertigo, da DC Comics.

Aliás, é importante falar dos quadrinhos. Diversas mudanças foram feitas, a começar pelo design menos sombrio, em relação à arte de Jeff Lemire. Personagens como Jepperd foram transformados para se identificar melhor com o público e novas caras foram apresentadas, como Aimee.

Mudanças e adições que caem bem no formato para a televisão, mas nem por isso fazem que Sweet Tooth perca a força na telinha. A essência está lá. Ao final da primeira temporada, é impossível não imaginar quando teremos mais.

Ponto positivo para a Netflix, que estava precisando trazer algo de qualidade para a plataforma.

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