Review | Ragnarok (2ª temporada – Netflix)

Terminei a segunda temporada de Ragnarok há umas duas semanas, mas confesso que fiquei tão desanimado com ela, que só agora criei coragem de fazer um review.

Quando o negócio é muito ruim, a gente corre para escrever para meter o pau de tão revoltado, caso de O Legado de Júpiter, já devidamente cancelado pela Netflix. Mas com Ragnarok não foi bem isso que aconteceu.

A surpreendente primeira temporada conta a saga do garoto norueguês Magne (David Stakston), que descobre ser a encarnação do deus Thor, e que a família que domina a cidade de Edda (que é o nome dos textos-fontes da mitologia nórdica) reúne sobreviventes dos gigantes de gelo Jotul, inimigos de Asgard.

Ao misturar mitologia nórdica com questões contemporâneas como preservação ambiental e oligarquias inescrupulosas, a história era bem interessante e terminava de forma épica, embora com um gancho para a continuação.

A segunda temporada veio com certo atraso, por conta da pandemia, mas alguma coisa se perdeu no processo. De ingênuo, o protagonista ficou francamente bobo e irritante. A anunciada batalha de Ragnarok acaba sendo abruptamente cancelada e o roteiro torna-se infantojuvenil demais.

Diversidade

Dentro das tendências atuais, são incluídos os temas da diversidade – a deusa Freya é reencarnada na srilankesa Iman (Danu Sunth) – e discriminação sexual – Saxa (Theresa Frostad Eggesbo) quer assumir os negócios da família, mas sofre a oposição da “mãe” Ran (Synnove Macody Lund) e do “pai” Vidar (Gísli Örn Garðarsson), apesar de suas ótimas ideias.

Também tem casal que parecia promissor na temporada anterior, mas que acaba sem muita explicação nesta.

Não sei se devido ao anúncio da estreia de Loki, da Marvel e Disney+, Ragnarok resolveu ter um deus da trapaça para chamar de seu. Nada contra, mas é a partir de um affair do passado, vindo do nada, que a personagem parece ter sido incluída de última hora na história. É até interessante, mas a cobra-lombriga no final ficou forçado.

É difícil dizer porque é tão decepcionante sem dar spoiler, mas o paralelo da primeira temporada entre corporações poderosas que destroem o meio-ambiente por lucro, com a lenda dos Jotul – que representavam o caos -, agora virou um mero maniqueísmo entre capitalismo e ativismo ambiental colegial.

Mas o pior de tudo é que a jornada do herói Magne ficou muito comprometida pelo texto e pela canastrice do jovem Stakston, que não tem sido ajudado pela idade.

Do jeito que está, não duvido nada que a Netflix aborte uma terceira temporada… mas se ela vier, vai ter que melhorar muito.

 

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