Review | Eco (Disney+)

Antes de tudo, vamos ao que realmente interessa: Eco não é a produção que irá salvar a Marvel Studios do ostracismo em que mora atualmente. Mas se está precisando de um motivo para assisti-la, resumo aqui o que realmente vale a pena: Vincent D’Onofrio. O protagonista de Wilson Fisk, o Rei do Crime, domina a tela sempre que se faz presente.

Vamos lá: cinco meses após os eventos de Gavião Arqueiro (2021),Maya Lopez (Alaqua Cox) continua fugindo da organização de Wilson Fisk. De volta à Tamaha, sua cidade natal em Oklahoma, Maya se conecta às suas raízes nativas americanas e precisa aceitar seu passado, abraçando sua família e sua comunidade.

Eco começa como uma história de origem, onde descobrimos mais do passado conturbado da família de Maya e as razões pelas quais seu pai, William (Zahn McClarnon), resolveu deixar Tamaha e se filiou a Fisk, aumentando o descontentamento de sua avó, Chula (Tantoo Cardinal), desde sempre contrária à união de William com sua filha Taloa (Katarina Ziervogel).

Em Nova York, como descobrimos em Gavião Arqueiro, William é morto por Clint Barton (Jeremy Renner) em sua fase revoltada como Ronin, e Maya se torna uma ‘quase filha’ de Fisk. Junto dele, treina suas habilidades e se torna uma das poucas pessoas em que ele confia para manter seu império.

Porém, ao final da série de 2021, Maya se vira contra Fisk e no episódio final, dá um tiro no rosto do Rei do Crime, o que parece ser seu fim. Parece (já que nada é definitivo nos quadrinhos, nem mesmo a morte).

Reconexão

Em Tamaha, Maya resolve não entrar em contato com a família, mas em cidades pequenas, é praticamente impossível esconder algo assim. No entanto, logo descobrimos que ela está na cidade para desmantelar alguns negócios que Fisk possui com seu tio, Henry (Chaske Spencer), que não a desaprova, mas também não apoia.

Em pouco tempo, Maya começa a ser perseguida por capangas de Fisk e coloca em risco seus familiares. Ao mesmo tempo, descobre mais sobre o povo Choctaw e que suas raízes podem ser mais poderosas do que imagina.

Quando as ações de Maya se intensificam, acontece o que todo mundo já sabia: Fisk desperta do coma. Assim que fica sabendo dos últimos acontecimentos, resolve visitar a ‘filha’ em Tamaha, utilizando seus métodos pouco tradicionais.

Fisk, que possui um histórico familiar um tanto conturbado, não lida bem com a rejeição de Maya, mas dá um ultimato: ou ela volta com ele para Nova York ou toda Tamaha sofrerá. A cena do jantar entre os personagens, a primeira após a tentativa de assassinato contra Fisk, é a melhor da série.

Caberá então a Maya salvar Tamaha, seus familiares e tentar se livrar, de uma vez por todas, de sua ligação com o Rei do Crime.

Saldo 

Alaqua Cox continua surpreendendo no papel. Ela, que é surda e usa uma prótese na ‘vida real’, não se intimida com as cenas de ação. Difícil mesmo é encarar Vincent D’Onofrio, que nasceu para ser Wilson Fisk.

Em Eco, detalhes do passado do personagem – como sua relação com o pai – ajudam o espectador a compreender a psique de Fisk e sua busca pelo poder. Como disse lá no início do texto, são deles – e com ele – os melhores momentos da série.

Já a personagem que dá título à série evolui seu status dentro do Universo Cinematográfico Marvel ao revelar seus poderes que diferem – e muito – do que vemos nos quadrinhos. Nas HQs, Maya observa e copia o estilo de luta de qualquer pessoa com precisão total.

Algo que o Treinador já faz em Viúva Negra (2021). Assim, a Marvel decidiu alterar os poderes de Maya e fortalecer seus laços com o passado e presente dos povos nativo americanos, garantindo à personagem maior representatividade nas telinhas.

Porém, ao final da série, o que vale mesmo é o destino de Wilson Fisk. A cena pós-crédito é rápida, eficiente e abre um leque de possibilidades para o personagem, uma delas já explorada de forma muito interessante nos quadrinhos.

Aliás, arrisco dizer que dela seguirão todos os acontecimentos que veremos em Daredevil: Born Again, nova série do Demolidor em sua fase pós-Netflix, depois que a Disney confirmou que todos os acontecimentos e personagens desta fase integram o Universo Cinematográfico Marvel. Ótima notícia.

Eco inaugurou o selo Marvel Spotlight, que abrigará séries mais adultas ao cardápio da Disney+ que, em breve, deve ser incorporada ao Star+, dando origem a uma nova plataforma. Ainda não é a salvação da Marvel Studios, mas abre uma porta para interessantes possibilidades em um futuro próximo.

SPOILERS ABAIXO! 

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Leia por sua conta e risco: ao final de Eco, Fisk é tocado pelos novos poderes de Maya e ‘curado’ das mágoas causadas pelo pai em sua juventude, que o levaram a matá-lo com um martelo.

De alguma maneira diferente, Fisk é surpreendido com uma notícia sobre as eleições para prefeito de Nova York e parece decidido a disputar o pleito. O acontecimento deu origem à saga Reinado do Demônio nos quadrinhos.

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