Review | Estrada Sem Lei

Bonnie e Clyde nasceram no Texas em meio à pobreza causada pela Grande Depressão. Mesmo sem se conhecerem, ambos culpavam o governo pela péssima condição em que viviam suas famílias. Clyde foi o primeiro a entrar para o crime, ainda em pequenos furtos. Logo, Bonnie viria a conhecer o comparsa e amante, dando origem a um dos casais fora-da-lei mais conhecidos da história norte-americana, virando verdadeiras lendas e dando origem a diversas produções de Hollywood.

Desta vez, é a Netflix que investe em mais um filme para contar a saga de Bonnie e Clyde, porém, agora pela visão de dois policiais veteranos que abandonaram a aposentadoria para fazer o que ninguém conseguira: eliminar o casal, idolatrado por muitos como “heróis” em tempos de crise. Dirigido por John Lee Hancock (Um Sonho Possível, Walt nos Bastidores de Mary Poppins e Fome de Poder), Estrada Sem Lei (The Highwaymen) foca na verdadeira história dos lendários investigadores Frank Hamer (Kevin Costner) e Maney Gault (Woody Harrelson).

O roteiro é bem conhecido. Quando toda a força do FBI e as mais modernas tecnologias forenses se mostram insuficientes para capturar os criminosos mais notórios do país, dois ex-policiais do Texas só podem contar com o talento e o instinto para cumprir a missão agindo à moda antiga.

Antes de qualquer coisa, é importante destacar a “química” entre Costner e Harrelson, hoje com 64 e 57 anos de idade, respectivamente. Em momento algum das pouco mais de duas horas de filme, seus personagens demonstram hesitação ao voltar a campo para a missão de executar Bonnie e Clyde. Mesmo que não compartilhem dos mesmos métodos de trabalho (digamos assim), o respeito também é uma máxima. Ambos confiariam sua vida ao parceiro, sem pensar duas vezes.

No entanto, esta “parceria” é desvendada ao longo do filme por meio de histórias de um passado que, para muitos, os tornaram verdadeiras lendas. Contudo, para eles mesmos, revelam-se grandes traumas que nunca serão esquecidos – ou perdoados. Interessante notar também como se fazia justiça naquela época: em meio a uma saraivada de balas (será que muita coisa mudou?).

Força

Costner se entrega ao papel de um ex-Ranger durão e determinado, que não hesita em deixar a tranquilidade da aposentadoria para trás, para executar sua missão: eliminar Bonnie e Clyde. Aliás, as cenas em que conversa com sua esposa Gladys (Kim Dickens), logo no início do filme, deixam clara sua vontade de caçar os fora-da-lei e vingar os colegas policiais que foram mortos.

Harrelson também se destaca como um ex-policial, mas este sem rumo na vida, morando com a filha e os netos, e enfrentando problemas com o álcool. Quando Frank Hamer aparece em sua porta, Maney Gault não hesita em abandonar a aposentadoria e acompanhar o antigo parceiro.

O retorno da dupla de aposentados é a principal força de Estrada Sem Lei. Enquanto os policiais “modernos”, comandados por J. Edgar Hoover e sua crescente força-tarefa do FBI empregavam métodos inovadores como escutas e peritos para buscar evidências nas cenas de crimes, Hamer e Gault empregam conhecimentos nativos para estar sempre um passo à frente dos novatos.

Ao final, Estrada Sem Lei não pode ser classificado como um novo clássico ou sequer como um provável favorito ao Oscar. Com uma direção competente e uma reconstrução de época impecável, o drama sobre a passagem do tempo se sustenta nas figuras de Costner e Harrelson, colocando Bonnie e Clyde como meros coadjuvantes de uma história que merece ser conferida.

  • Estrada Sem Lei estreou dia 29 de março na Netflix e está disponível para seus assinantes em www.netflix.com/br/title/80200571

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