Review | O Contador

Ben Affleck interpreta o contador Christian Wolff

O primeiro Oscar de Ben Affleck veio em 1998 pelo roteiro, em conjunto com o amigo Matt Damon, do filme Gênio Indomável. Ele ganharia o segundo pelo filme Argo, em 2013, como produtor. Neste mesmo ano, Argo também ganharia a estatueta de melhor filme, enquanto Affleck sequer foi indicado como diretor, numa daquelas injustiças que nem a Academia sabe explicar. O fato é que Affleck não era visto como um bom ator, muito se devia por suas escolhas cinematográficas (são dessa época produções esquecíveis como Demolidor: O Homem Sem Medo, Contato de Risco, Menina dos Olhos e Sobrevivendo ao Natal). As coisas só começariam a mudar para ele a partir de 2007, quando estreou na direção com o filme Medo da Verdade.

Os elogios como diretor eram muitos, mas Affleck continuava desacreditado como ator, falar mal dele e de seus filmes era quase uma rotina. Todos tiveram que morder a língua quando observaram que ele – enfim – estava no caminho certo, estrelando produções que desafiavam seus dotes dramáticos e o tiravam da zona de conforto, com produções caprichadas, roteiro e direção interessantes. Intrigas do Estado, A Grande Virada, Atração Perigosa e de novo Argo, colocaram o ator em um novo patamar, o que acabou chamando a atenção de David Fincher, que o convidou para estrelar o perturbador Garota Exemplar.

Fato curioso também aconteceu quando Ben foi anunciado como o novo Batman. Comentários negativos foram disparados, muitos ainda não acreditavam na credibilidade do astro, mas bastou pouco tempo para que os boatos maldosos passassem e quando Batman vs Superman estreou, o pessimismo cessou de uma vez e o ator acabou se envolvendo de forma bem ativa no universo DC, a ponto de ser o escolhido para comandar a nova aventura solo do personagem. Além de dirigir, Affleck cuidará do roteiro, ou seja, não apresentará qualquer coisa. Agora em seu novo filme, aproveita a boa fase e comprova que nem mesmo a separação tumultuada de Jennifer Garner conseguiu arranhar sua imagem em Hollywood.

Em O Contador, conhecemos Christian Wolff, personagem de Affleck quando adulto, que desde pequeno apresenta características do autismo. Quando sua mãe abandona a família, seu pai militar insiste que ele tenha alguns treinamentos para poder se defender e também atacar. Ao crescer, Christian se torna um contador extremamente dedicado, graças à facilidade que tem com números e passa a trabalhar para algumas das mais perigosas organizações criminosas do mundo. Ao ser contratado para vistoriar os livros contábeis de uma empresa, Wolff logo descobre uma fraude, o que coloca em risco sua vida e da colega de trabalho Dana Cummings (Anna Kendrick).

Anna Kendrick acaba envolvida em uma perigosa trama

Gavin O’Connor diretor de Guerreiro, ainda é pouco conhecido, mas tem pulso firme na condução desse thriller, e encontra na figura de Affleck a representação perfeita de um personagem frio e sisudo, mas capaz de resolver qualquer problema, por mais que seus meios não sejam os mais convencionais. A trama é ágil, prega algumas peças, e consegue prender a atenção. As cenas de lutas são bem reais e o luxuoso elenco coadjuvante garante credibilidade.

O Contador não se distancia muito dos filmes de super-heróis de hoje em dia, entende-se perfeitamente o motivo que leva o personagem principal a agir da maneira que age, e o porquê de abdicar da felicidade ao lado de outra pessoa. Hollywood presencia o apogeu e a queda de suas estrelas com o mesmo interesse, e como num grande enredo, espera-se que essa queda se transforme numa grande história de superação. Uma dessas histórias pode ser vivida por Ben Affleck, mas ainda é cedo para afirmar isso.

Estaria Affleck procurando sua própria franquia de ação?

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