Review | Mãe!

O cinema, como qualquer outra arte, costuma trazer opiniões distintas acerca de uma obra. Nunca houve um consenso sobre filme A ou B, nem mesmo os maiores clássicos da história agradaram a todas as pessoas e é isso que faz o cinema ser tão mágico. O cinema consegue, ao mesmo tempo, entreter e ser artístico. Aliás, essa é uma longa discussão: mesmo que um filme seja puro entretenimento, existe arte ali, e vice-versa. Mesmo que caminhem juntos, existem filmes que pendem mais para o lado artístico, enquanto outros mais para o lado do entretenimento. Mas de nada adianta a arte ou o entretenimento caso a experiência do espectador não tenha sido satisfatória.

Darren Aronofsky é um diretor que costuma aliar entretenimento e arte em grandes doses. Cisne Negro talvez seja o melhor exemplo para elucidar isto. O filme é uma história hollywoodiana que entretém, enquanto a arte nunca é deixada de lado, pelo contrário, tem muita força. Isso é visto em outros trabalhos do diretor também, como Réquiem para Um Sonho, O Lutador e A Fonte da Vida, graças a seu estilo de contar histórias.

Em Mãe!, Aronofsky mais uma vez abusa de sua veia artística para acompanhar um casal (Jennifer Lawrence, da saga Jogos Vorazes, e Javier Bardem de Onde os Fracos Não Tem Vez) que recebe visitas inesperadas de um homem misterioso (Ed Harris, de O Show de Truman) e uma mulher provocadora (Michelle Pfeiffer, de Stardust: O Mistério da Estrela). Estranhos eventos começam a se suceder e a matriarca da casa começa a se incomodar com a presença dos visitantes.

É extremamente difícil comentar um filme que se prende tanto em suas alegorias, metáforas e simbolismos sem entregar qualquer tipo de spoiler, por isso, pouco me aprofundarei na história.

Quanto ao elenco, todos estão bem, mas Jennifer Lawrence carrega o filme até o final e é o que nos prende a atenção – será que vem outra indicação? Por outro lado, a personagem de Michelle Pfeiffer sofre de um grave problema, tão pálida quanto a própria atriz, suas aparições servem como pista, mas sua personalidade e sua presença pouco convencem. Outros personagens também incomodam e parecem muito mais elementos para a pretensão de Aronofsky do que realmente importantes para a trama do casal.

O filme tem uma narrativa arrastada e parece ter mais do que as suas duas horas de duração, mesmo assim, não é algo que serve como crítica, pois a tensão permanece até o final, principalmente no terceiro ato, que é intenso e avassalador.

Mesmo com um final tão chocante, alguns diálogos acabam tirando a força do filme. Um exemplo é uma fala do personagem de Bardem para sua esposa, logo após o clímax, quando subestima o espectador e provoca risos involuntários. Algo que incomoda vindo de alguém como Aronofsky, que não precisa usar desses artifícios para vender suas ideias.

Pelo lado bom ou ruim, Mãe! será – talvez  o trabalho de Aronofsky mais controverso em opinião pública. É um exemplo claro de que o resultado só fará sentido se você comprar a ideia de Aronofsky. E este, definitivamente, não é um filme para qualquer um.

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