Review – Caça-Fantasmas

Quando o primeiro trailer da versão 2016 de Caça-Fantasmas surgiu na internet, logo veio à tona o pior dela: o ódio, o preconceito e a intolerância. O vídeo promocional se tornou rapidamente o material com mais dislikes da história do YouTube.

Mas o que provocou isso? Seria o fato do novo filme não ter o elenco original na pele dos caçadores de fantasmas (mesmo que eles façam pequena participação no filme)? Ou estava relacionado ao fato de serem quatro mulheres as protagonistas da vez (inclusive com alguns acusando o longa de uma conspiração feminista)?

Tamanha rejeição prévia pode comprometer o rendimento do filme nas bilheterias. A sessão em que estávamos, por exemplo, na noite de estreia, tinha pouco mais de 20 pessoas. E é triste constatar que, se continuar assim, um bom filme e uma justa homenagem a um dos maiores fenômenos culturais dos anos 80 pode sair de cartaz em breve.

Dirigido por Paul Feig, o novo Caça-Fantasmas faz jus ao seu antecessor e ganha o público por meio do humor, às vezes nonsense, às vezes pastelão mas, principalmente, pela química existente entre Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Leslie Jones e Kate McKinnon. E acredite, até Chris Hemsworth no papel do bonito – mas burro – assistente, está bem e à vontade em meio ao quarteto feminino.

Feig sabe como dirigir mulheres protagonistas. Duas de suas produções mais famosas, inclusive, tem Wiig e McCarthy, ou pelo menos uma das duas (Missão Madrinha de Casamento e A Espiã que Sabia de Menos). Ambas são o centro das atenções em Caça-Fantasmas, mas nem por isso há uma disputa de espaço em tela entre elas, com as duas tendo seus momentos. O mesmo acontece com Jones e McKinnon, que apesar de serem “coadjuvantes”, ganham muito destaque e diálogos durante o longa.

Feig também cria, com Caça-Fantasmas, um cinema de referência. Durante a projeção são inúmeras as menções e homenagens, principalmente a ícones dos filmes de terror como O Exorcista e O Iluminado. Terror que, aliás, se mostra presente de forma respeitosa, principalmente na cena de abertura do filme, mas que é atenuado com cores vibrantes, sempre lembrando o espectador que não estamos assistindo um filme sobre medo, apesar de tratar de fantasmas.

E é exatamente ao tentar abordar vários temas em um emaranhado de estilos como que o longa tem o seu maior problema, a montagem. Muitas cenas não se conectam de forma eficiente e os cortes parecem secos e sem sentido, prejudicando o ritmo e continuidade da narrativa.

Ah! Mas e o feminismo que comentamos no início desta crítica? Está presente, claro. E isso não é uma crítica negativa. Desde estereótipos como o assistente bonitão e burro, à resposta aos comentaristas de internet ao fatídico tiro no saco, tudo está lá e parece até mesmo uma resposta do diretor às críticas sofridas pelo longa no início da sua campanha de divulgação. A impressão que se tem é que Feig filmou às pressas, exatamente para contrapor o discurso que recebeu.

Com isso, ele mostrou que, no final, ter um Caça-Fantasmas com mulheres protagonistas não tira o brilho do primeiro filme e não vai estragar a sua infância por causa disso. Este novo filme não foi feito para nós, trintões, mas sim para elas:

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