Review | Duna

O cinema passou por uma enorme transformação nestes quase dois anos de pandemia, com o aumento de oferta de streaming e a acomodação do espectador que precisa de muita motivação para ir até as salas de exibição. Pois bem: se há um motivo para buscar a sala com a maior tela e melhor som, é para assistir Duna, de Denis Villeneuve, em cartaz no Topázio Cinemas.

Não é para quem espera o ritmo montanha-russa da Marvel ou o space opera de Star Wars: aqui é Cinema com C maiúsculo, que remete ao David Lean de Lawrence da Arábia e ao Apocalipse Now de Francis Ford Coppola. E tudo isso para o que é, por enquanto, metade da história, já que se trata apenas da primeira parte da adaptação do livro de Frank Herbert. Atualização: Uma segunda parte acaba de ser conformada pela Legendary, com lançamento marcado para 20 de outubro de 2023!

Para quem não conhece a trama, num futuro longínquo, a Humanidade se expandiu pela galáxia e instalou um império interplanetário, dividido em feudos controlado por casas aristocráticas. Uma delas, a Harkonnen, detém o direito de exploração de Arrakis, único lugar que produz a especiaria, o produto mais importante do Universo por causa de suas propriedades psicoativas que permitem a navegação pelas estrelas.

Por ordem do imperador, eles devem passar a valiosa possessão para os rivais da Casa Atreides, liderada pelo duque Leto (Oscar Isaac), cujo herdeiro, Paul (Timothée Chalamet) é o protagonista da história.

Da mãe, Lady Jessica, ele herdou talentos que ela desenvolveu como membro da Bene Gesserit, uma ordem de feiticeiras que assessoram o imperador. Do pai, além do título, Paul recebeu um rigoroso treinamento marcial da parte do mestre de armas Gurney Halleck (Josh Brolin) e do guerreiro Duncan Idaho (Jason Momoa). Em sonhos, ele vê a opressão sofrida pelo povo nativo de Arrakis, os Freemen, particularmente uma jovem de lá, Chani (Zendaya).

Antagonistas

Os antagonistas Harkonnen são liderados pelo barão Wladimir, um ser deformado que, incapaz de andar, se locomove por um aparato que o faz flutuar (e que Stellan Skarsgard dá um toque do Marlon Brando de Apocalypse Now); e tem o brutal Rabban (Dave Bautista) comandando seus exércitos.

Completando o elenco principal temos Javier Barden como Stillgar, líder dos Freemen; Charlotte Rampling como a Reverenda Madre das Bene Gesserit; e Sharon Duncan-Brewster como a doutora Liet Keynes.

Obviamente, tudo isso é uma metáfora para a exploração do Oriente Médio por causa do petróleo, e o império – tipo de governo recorrente também em Fundação e Star Wars – e suas casas feudais representam as diversas potências colonialistas europeias.

Uma das inovações de Frank Herbert era a preocupação com a ecologia e a devastação causada pelo homem. Os vermes de areia de Arrakis, responsáveis pela especiaria, são uma mistura de minhocas com baleias: as primeiras consomem material orgânico e deixam para trás o húmus que ajudará a criar novas plantas, e as segundas produzem o valioso âmbar e forneciam o óleo que, antes do petróleo, alimentavam lâmpadas e lampiões.

Tudo isso vem embutido numa clássica jornada do herói, que carrega em seus ombros o destino não apenas de sua casa, mas de toda a galáxia. Muito Luke Skywalker para você? Com a confirmação da parte 2 de Duna, teremos uma conclusão, inevitavelmente, muito mais satisfatória que a de Star Wars.

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