Review | John Wick 4: Baba Yaga

Mais do que ter visto os três anteriores, o mais importante para curtir John Wick 4: Baba Yaga é esquecer a verossimilhança e entrar no espírito da franquia, como em Velozes e Furiosos e a maioria dos longas de super-herói. Só que, neste caso, com cenas de ação alucinantes e muito melhor filmadas e coreografadas, que ao mesmo tempo fazem a história ir para a frente.

Este Capítulo 4 (titulo original) começa sem nenhuma explicação ou introdução sobre o que aconteceu nos três anteriores. E quer saber? Nem precisa. A ação já começa à toda, com John Wick (Keanu Reeves) acertando uma conta do longa anterior (só para saber).

Como consequência, a Cúpula do crime organizado indica um diretor plenipotenciário, o Marques de Gramond (Bill Skarsgård, o próprio It, A Coisa), que manda demolir o Continental de Nova York e “excomunicar” Winston (Ian McShane). Atenção para o concierge Charon, interpretado por Lance Reddick, morto no último dia 17. R.I.P.

Apesar de colocar todos os recursos da Cúpula para matar o Baba Yaga (para quem não sabe, o apelido do protagonista, Bicho-Papão), o Marques convoca Caine (o astro de artes marciais de Hong Kong, Donnie Yen), um assassino cego, para dar cabo de Wick, de quem é amigo e tão bom quanto ele em seu ofício.

Ao mesmo tempo, o Rastreador (Shamier Anderson, da série Invasão, da Apple TV+) também se junta à caçada, mas de forma independente, ao lado de sua cadela (é obrigatório ter cachorro em filme de John Wick).

Rina Sawayama, popstar que fez até parceria com Pabllo Vittar

Outro astro de filmes de ação asiático, Hiroyki Sanada (O Último Samurai, 47 Ronin, Westworld) é Shimazu, gerente do Continental de Osaka, ao lado de sua concierge Akira (Rina Sawayama, popstar nipo-britânica que já fez pareceria com Pabllo Vittar).

Os dois e sua equipe enfrentam Caine e uma tropa de assassinos liderados pelo braço direito do Marques, Chidi, interpretado pelo ator e lutador chileno Marko Zaror. Outro intérprete com background nas artes marciais, Scott Adkins, encarna Killa, um gangster alemão que tem uma longa luta com John Wick.

Natalia Tena (a Osha de Game of Thrones e Nymphadora de Harry Potter) faz uma participação especial como Katia, herdeira da antiga família mafiosa de Wick. Isso sem falar na manutenção de Laurence Fishburne como o Rei dos Mendigos, ainda que em poucas cenas.

Keanu Reeves, Donnie Yen e Scott Adkins em momento tenso do filme

Esse cast de forte presença física e quase todos capazes de fazer suas lutas sem dublês, é um ingrediente poderoso para fazer as quase três horas de tiro, porrada e bomba fluírem muito mais facilmente que, por exemplo, Avatar: O Caminho da Água.

E mais do que qualquer outro exemplar da franquia, aqui chovem referências de outras obras, desde Zatoichi, o samurai cego; Chirrut, o personagem do próprio Donnie Yen em Rogue One; o nunchaku de Bruce Lee em Operação Dragão (de uma forma desconstruída, é verdade); o duelo entre as escolas chinesas e japonesas de luta com espadas (e um lado só vence porque o adversário está gravemente ferido); a série Kung Fu em que um dos ritos de passagem envolve um caldeirão de ferro cheio de carvão em brasa; a cidade de Zion, de Matrix; Missão: Impossível –  Efeito Fallout, na perseguição na Champs-Élysées na contramão, e o final evocando Cowboy Bebop, como bem lembrou a ruiva do Omelete, Carol Costa.

No Veredito do canal sobre o filme, alguém citou outro jornalista que disse que é uma versão do último Batman, já que o herói cobre a cara o tempo todo com a capa (terno) e tem tanto um Pinguim quanto um Coringa.

Enfim, se você entrar – ou voltar – ao jogo, John Wick 4 proporcionará duas horas e quarenta e nove minutos de pura diversão, mesmo com Keanu Reeves visivelmente cansado. Mas ninguém deve ficar triste, já estão programados dois spin offs: Ballerina, sobre uma assassina desse universo em busca de vingança, estrelado por Anna de Armas; e The Continental, um prequel sobre como Winston chegou a gerência do icônico hotel.

E há ainda a sugestão de uma futura vendeta… mas pode ser apenas uma promessa, como a de Kill Bill: Volume 1.

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