Review | O Jogo do Disfarce

A produção de filmes originais para o streaming é uma realidade que atende não apenas a demanda do mercado, mas principalmente do consumidor/espectador. Essa mecânica de oferta e procura – mais antiga que a própria civilização – faz com que dezenas de filmes e séries cheguem semanalmente às plataformas.

Essa abundância de opções é interessante, mas pode causar certo pavor no espectador, que muitas vezes leva mais tempo para escolher o que assistir, do que realmente se divertir. Então vamos ajudá-lo: ao passar pelo Prime Video e encontrar O Jogo do Disfarce, só assista se não estiver fazendo nada ou se não tiver alguma prioridade em sua lista.

O filme, protagonizado e produzido por Kaley Cuoco (Big Bang Theory e The Flight Attendant), é um amontoado tão grande de clichês que parece ter sido feito às pressas para preencher um vazio na grade de programação.

Vamos à sinopse: Emma Brackett mora com o marido David (David Oyelowo, de Homens da Lei: Bass Reeves) e dois filhos nos subúrbios de Nova Jersey. A vida aparentemente pacata esconde o cotidiano de uma eficiente assassina de aluguel.

Certo dia, ao voltar para casa, Emma é surpreendida pelo marido e confessa ter esquecido o aniversário de casamento. Após uma conversa, eles resolvem dar uma apimentada no relacionamento, fingindo serem pessoas desconhecidas em um hotel chique.

O que era para ser uma simples encenação se transforma com a chegada de um homem misterioso (Bill Nighy, de Living), que parece saber da vida dupla de Emma.

Com a identidade exposta, ela precisa fugir das autoridades e de uma ‘agente internacional’ (Connie Nielsen, de Mulher-Maravilha) para proteger sua família, mas David resolve ajudar a esposa, mesmo após conhecer a verdade.

Mais do mesmo

De início, O Jogo do Disfarce parece uma comédia, com os esforços de Emma para manter o velho clichê da vida dupla. À medida que a personagem é exposta, o roteiro quer fazer do filme agora mais sério e transformar sua protagonista em uma action hero.

O resultado é ignóbil e é piorado com a insistência de David em descobrir mais e ajudar a esposa que – pasmem – é uma assassina de aluguel. A velha história de ‘o coração tem razões que a própria razão desconhece’. O filósofo Blaise Pascal sentiria vergonha.

Enquanto o filme se desenrola, dentro da medida do possível, meu único sentimento era de que acabasse logo, afinal de contas, já cheguei até ali. Mas sabe aquele sentimento de tempo perdido? Família, o próximo filme – e os demais também – serão escolhidos pelo pai, ok?

Ao final, como disse lá no começo, O Jogo do Disfarce parece um daqueles projetos montados a toque de caixa, sem muita preocupação com o enredo, o que não nos permite querer saber mais ou se envolver com os personagens. Uma pena.

Se é fã de Kaley Cuoco ou quer vê-la em um papel ‘diferente’, dê uma chance. Mas não espere muito mais que um filme daqueles que se esquece minutos após seu fim. É pouco, muito pouco.

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