Review | O Predador

Quando foi lançado em 1987, dirigido por John McTiernan (Duro de Matar), Predador não foi tão bem aceito por parte da crítica. Com o tempo – e a evolução do cinema de ação – a produção foi recebendo o devido respeito e acabou se tornando um clássico.

Embora a figura do Predador seja o principal combustível da franquia, parte do insucesso das sequências pode ser debitado na falta de carisma dos personagens que rivalizam com o alienígena. Se no original tínhamos as figuras de Arnold Schwarzenegger (Comando para Matar) e Carl Weathers (Rocky), nos demais filmes faltava a amizade entre os humanos para rivalizar com a postura fria e caçadora do monstrão do espaço.

Em Predador 2 (1997), o personagem de Danny Glover (Máquina Mortífera) ganhou respeito do alienígena no embate final e o filme começou a flertar com outra série que fazia sucesso na época: Alien. Algo que só deu resultado muito tempo depois, duas vezes, em Alien vs. Predator (2004) e Alien vs. Predador 2 (2007), capítulos esses que devem ser esquecidos de nossas mentes por não trazerem nada de significativo para as duas lendas do cinema.

Predadores (2010) trazia um elenco repleto de estrelas: Adrien Brody (King Kong), Alice Braga (Eu Sou a Lenda), Laurence Fishburne (O Homem de Aço), Danny Trejo (Machete) e Topher Grace (Homem-Aranha 3), que juntos não tinham o mesmo espírito de equipe que o time do primeiro filme. Embora a história fosse razoável, faltava carisma para que pudéssemos nos preocupar com eles.

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Ficou a cargo de Shane Black (Homem de Ferro 3), dirigir este O Predador, e é perceptível desde o começo, seja nos diálogos estúpidos ou nas cenas de ação não tão inspiradas, o dedo de Black em cada linha de roteiro, que ele assina em parceria com Fred Dekker (Robocop 3).

Na história, o soldado Quinn McKenna (Boyd Holbrook, de Logan) tem o primeiro contato com a nave do Predador durante uma missão no México e envia alguns objetos que encontra entre os destroços para casa. Lá, seu filho Rory (Jacob Tremblay, de Extraordinário) abre o pacote acreditando ser um videogame de última geração, mas acaba trazendo o predador à sua caça.

Homenagem

Black não faz um filme perfeito – longe disso, aliás – mas sua homenagem bem humorada ao alienígena mais letal do universo e o saber rir de si mesmo ajudam a entender suas intenções. Por mais que o diretor e roteirista tente focar no núcleo de Holbrook e uma equipe de soldados nada normais – um deles só faz piadas infames, outro tem Síndrome de Tourette – volta e meia ele perde a mão com exageros e bobagens que puxam o filme pra baixo.

A ação não cansa os olhos, mas também não empolga tanto: há um excesso de personagens que acaba deixando o filme – principalmente o começo – muito inchado e fragmentado. O roteiro é simples e não precisava se explicar tanto, há falas vergonhosas, principalmente vindas de Olivia Munn (X-Men: Apocalipse). O gore é bom e constante, justificando a alta classificação indicativa: a cena em que o Predador camuflado é banhado com sangue é um sinal da carnificina que veríamos a seguir. Mas o melhor do filme é o humor, principalmente vindo da trupe dos soldados. Mesmo que algumas tiradas não funcionem, é o tipo de humor que remete à ação dos anos 80, com homens falando asneiras enquanto atiram a esmo e morrem da maneira mais idiota possível.

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O Predador acaba sendo uma galhofa – e se assume como tal. Pode parecer cínico da parte de Black colocar personagens com problemas mentais para servir de alívio cômico e assumir o lado idiota de sua história, seja quando um deles fala “não me chame de retardado, o filho dele é retardado” ou quando comparam a fisionomia do predador à da atriz Whoopi Goldberg, mas é notável que Black soube trazer novamente o espírito de equipe que as sequências haviam perdido.

É um blockbuster de um jeito que vemos pouco hoje em dia, para o bem ou para o mal.

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