Review | Paul McCartney: Got Back (Star+)

No próximo sábado, dia 16, o Star+ vai exibir ao vivo o último show da turnê Got Back de Sir Paul McCartney no Brasil, direto do Maracanã, no Rio de Janeiro.

Assisti a apresentação dele sábado passado (dia 9) no Allianz Parque e compartilho algumas coisas com vocês. Mais do que o título nobiliárquico concedido pela Rainha Elisabeth II, o que mais o notabiliza é ter sido um Beatle.

Mesmo que sua banda Wings tenha feito muito sucesso nos anos 70 e 80, nada chega perto do que foram os Fab Four, e foi para ouvir suas músicas que eu quebrei minha promessa de desistir dos grandes shows, feita após o U2 em 2011 (nada contra o espetáculo em si, mas porque já era velho demais para isso).

Do setlist vazado antes mesmo dele aterrissar no Brasil, de cara houve uma mudança significativa: a música de abertura dia 9 foi A Hard Day’s Night e não Can’t Buy me Love, que podem ser considerados hits equivalentes da primeira fase dos Beatles.

Após diversas vezes tocando no Brasil (quando penso que cheguei a pegar o ingresso daquela vez dos cartazes Na Na Na na mão…), obviamente ele já tinha usado grande parte do vasto repertório de Lennon & McCartney, então na primeira parte relembrou algumas canções nem tão célebres, como She’s a Woman, Got to Get Into My Life e Getting Better, além de algumas do Wings (Junior´s Farm e Letting Go) e composições solo, como My Valentine, para a atual mulher, Nancy Shevell.

É o aquecimento para uma sequência de greatest hits, I’ve Just Seen a Face, Love me Do, Blackbird e In Spite of All Danger, a primeira gravação do quarteto, ainda como Quarrymen.

Chega o momento de Here Today, a canção que Paul fez após a morte de John Lennon, e que ao final, o público no Allianz cantou espontaneamente Give Peace a Chance, para surpresa do ex-Beatle. Composta na época da Guerra do Vietnã, ela é tristemente atual.

Mais próximo do primeiro final, ele engata Been for the Benefit of the Mr. Kite!, Something, em homenagem a George Harrison, Obla-Di Obla-Da (com coro espontâneo estendido da plateia), You Never Give me Your Money, She Came in Thrfough the Bathroom Window, Band on the Run (um dos maiores sucesso do Wings), Get Back, Let it Be (momento lágrimas em profusão), Live and Let Die (a música de James Bond e Guns’n Roses) e, afinal, Hey Jude. Como escrevi no Instagram, quem não canta Na Na Na no final, está morto por dentro.

Já eram mais de duas horas de show quando ele e a banda saem antes do bis, e menos de cinco minutos depois (gente, ele tem 81 anos!) retornam para I’ve Got a Feeling, em duo virtual com John Lennon. Ai, o momento em que meu ingresso valeu por dois: estava previsto Birthday (do Álbum Branco), mas ele engatou I Saw Her Standing There (do primeiro álbum), meu rockabilly favorito deles (Bono concorda), que eu achava que iria morrer sem ouvir ao vivo e a cores.

Daí pra frente, só sucesso: Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band, Helter Skelter, Golden Slumbers, Carry The Weight e, o fim, com The End. Se estiver de bobeira sábado à noite, não perca porque pode ser muito bem a última vez de Sir Paul no Brasil.

Beatlemania

Houve um tempo em que o mundo se dividia entre quem gostava dos Beatles e quem preferia os Rolling Stones. Isso é uma besteira, porque se os Stones foram a maior banda de rock do planeta, os Beatles mudaram a música e sua indústria como um todo.

Quando eles começaram, bandas de rock gravavam em mono em mesas de quatro canais. Eles foram o primeiro grupo musical a usar estúdios com 16 canais, a usar orquestra, a fazer experiências com mixagem, como em A Day in the Life e Revolution 9.

Foram os primeiros a se apresentar em estádio e quando deixaram de fazer shows, criaram o videoclipe, além de fazerem o primeiro lançamento musical via satélite para o resto do mundo, com All You Need is Love.

Há quem considere que Helter Skelter foi um protótipo para o heavy metal, mas é certo que eles foram a primeira banda a compor a maioria de suas músicas e fazer das harmonias vocais uma marca registrada.

A dupla Lennon & McCartney é a mais bem-sucedida em sucessos até hoje e George Harrison é considerado o introdutor das harmonias indianas e da cítara no mundo ocidental. Até a criticada bateria de Ringo Starr é considerada por muitos original e até revolucionária.

Pelo menos dois filmes mostram a importância dos Beatles criando realidades alternativas em que eles não existiram. Across the Universe (2007), de Julie Taymor (Frida), conta a história de amor entre a americana Lucy, papel de Evan Rachel Wood (Westworld) e o inglês Jude, interpretado por Jim Sturgess (Quebrando a Banca) durante os anos 1960, em que o elenco canta clássicos dos Fab Four em momentos-chave do romance e da década.

Em 2019, Danny Boyle (Transpotting) dirigiu Yesterday, em que após um acidente, o músico de bar Jack (Himesh Patel, de Não Olhe para Cima) acorda num mundo em que os Beatles nunca existiram.

Como ele é o único que se lembra das canções deles, acaba virando um popstar, vencendo até um desafio contra Ed Sheeran. Quando Jack canta Yesterday para Lilly James e ela olha para ele com cara de espanto, é sensacional.

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