Review | Animais Fantásticos e Onde Habitam

Ao longo de 11 anos, Harry Potter, Rony Weasley e Hermione Granger arrebataram uma legião de fãs para os cinemas de todo o mundo. Os oito filmes da série cinematográfica, iniciada em 2001, arrecadaram aproximadamente sete bilhões e setecentos milhões de dólares (U$$ 7.700.000) em renda, mantendo a marca de maior box office do mundo – números que devem ser superados pelo Universo Cinematográfico da Marvel em breve. Mas quem liga?

Apesar de suas 12 indicações ao Oscar, todas em categorias técnicas, a série Harry Potter não levou uma estatueta sequer. Mas quem liga? Desde o final da saga, em 2011, uma legião de fãs que cresceu junto com os personagens de J.K. Rowling passou a buscar novidades sobre uma continuação. Mas a solução encontrada pela escritora e pela Warner foi voltar ao passado, mais precisamente 70 anos das aventuras de Harry Potter, na adaptação de Animais Fantásticos e Onde Habitam.

Eddie Redmayne como Newt Scamander

O filme começa em 1926, quando Newt Scamander (Eddie Redmayne, mais uma vez fantástico) acaba de concluir uma exploração mundial para encontrar e documentar uma extraordinária variedade de criaturas mágicas. Chegando em Nova York para uma breve escala, ele poderia ter passado por ali sem qualquer incidente, se não fosse por um Não-Maj (o nome americano para ‘trouxa’, ou seja, aqueles que não são bruxos) chamado Jacob (Dan Fogler), uma maleta mágica extraviada e a fuga de alguns dos animais fantásticos, que obrigam Newt a agir rapidamente, para não causar uma guerra entre bruxos e humanos.

Em sua missão, Newt conhece Tina (Katherine Waterston, de Vício Inerente) e sua irmã Queenie (Alison Sudol, de Transparent), que resolvem ajudá-lo a recuperar suas criaturas mágicas, antes que os dois mundos entrem em colisão. Do outro lado, está o impiedoso Graves (Colin Farrell) e o misterioso Credence (Ezra Miller), que escondem terríveis segredos.

Adaptação

Integrante do cânone oficial do mundo da magia criado por J.K. Rowling, Animais Fantásticos e Onde Habitam tem pouco mais de 50 páginas, mas será adaptado em três filmes. Esta decisão, inicialmente, pode causar estranheza e certo receio (alguém lembrou de O Hobbit?), mas dois detalhes fazem a diferença: o envolvimento direto de Rowling na produção, fazendo sua estreia como roteirista, e a direção de David Yates, responsável pelos quatro últimos filmes da franquia Harry Potter nos cinemas.

Colin Farrell vive o impiedoso Graves

J.K. Rowling demonstra total conhecimento de seus personagens e apresenta mais um grande protagonista. O Newt Scamander é mais um herói improvável criado pela escritora, daqueles que amamos desde o primeiro momento em que conhecemos. A interpretação de Redmayne é ponto crucial, com seu sotaque inglês, jeitão atrapalhado e uma timidez acima da média. Sem falar em sua verdadeira paixão por seus animais.

Em um primeiro momento, o filme se passa exclusivamente na busca de Scamander e seus parceiros pelos animais que acidentalmente, fugiram de sua mala. As particularidades de cada animal e os detalhes que compõem cada um são um show à parte, garantindo risos e apreço aos bichinhos desde suas primeiras aparições. Em um segundo momento, a adaptação ganha tons mais sombrios e revelações que fazem emergir o nome do vilão da vez: Gerardo Grindelwald, interpretado por Johnny Depp, em um rápido aperitivo do que vem por aí.

Esta mistura de tons confere equilíbrio a Animais Fantásticos e Onde Habitam, mesmo em um universo repleto de feitiços, varinhas mágicas e seres estranhos (mas adoráveis). Junte a tudo isso efeitos especiais de última geração e temos, mais uma vez, um ótimo motivo para viver momentos de intensa magia no cinema.

Nota do Editor: Apesar de não negar a importância da franquia para o cinema, Harry Potter, por algum motivo, nunca ‘conversou’ com este que vos escreve. Assisti e revi todos os filmes diversas vezes, mas eles nunca estiveram em uma lista de prediletos. Animais Fantásticos, por sua vez, foi diferente. Talvez seja o elenco – predominantemente adulto – ou a história – comum, mas cheia de magia. Porém, muito além, é importante trazer a magia de volta, afinal de contas, não é o cinema um convite para o mundo sem limites da imaginação?

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