Review | Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo

Há dez anos, quando Mamma Mia! O Filme estourava nas bilheterias globais – mais de 600 milhões de dólares em todo o planeta – e se tornava um cult movie no coração de muita gente, o mundo era muito diferente. Homem de Ferro estava estreando e começando o domínio da Marvel sobre a indústria cinematográfica; Meryl Streep ainda não tinha seu terceiro Oscar por A Dama e Ferro; Colin Firth ainda não tinha faturado o seu por O Discurso do Rei e Amanda Seyfred era uma aposta de estrelato.

Uma década depois, a continuação Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo tem um novo diretor, Ol Parker  (Agora é Para Sempre), mas repete a fórmula de contar uma história baseada nas músicas do Abba, com uma Sophie (Amanda Seyfred) às voltas com a inauguração de um hotel onde ficava a fazenda em que nasceu e cresceu, o marido Sky (Dominic Cooper, o Preacher da série de TV) distante em Nova York e sem a mãe, Donna (Meryl Streep). Paralelamente, vemos como a jovem Donna (Lily James, a aposta atual, depois de Cinderella, Em Ritmo de Fuga e O Destino de uma Nação) foi parar naquela ilha grega e conheceu – no sentido bíblico – os três pais de Sophie: Harry (Hugh Skinner), Bill (Josh Dylan, que fez Aliados) e Sam (Jeremy Irvine, protagonista de Cavalo de Guerra).

É até engraçado ver as voltas que o roteiro dá para encaixar as músicas. Donna tem que viajar para Paris para conhecer um dos pais de sua filha só para justificar um número com Waterloo e quando somos apresentados ao gerente do hotel, Fernando Cienfuegos, um latin lover interpretado por Andy Garcia, já adivinhamos que música vem por aí.

Difícil saber o que deu errado na carreira de Amanda, que é bonita, carismática e ainda por cima canta bem (quando ela assume os vocais, se sobressai sobre os demais). Seu último momento memorável foi justamente soltando a voz em Os Miseráveis, em 2012. Lily James assume Donna com entusiasmo (até demais…), canta para o gasto mas, atuando, naturalmente não é uma jovem Meryl Streep (quem seria, mesmo num papel leve como este?).

Dá dó ver atores como Colin Firth, Stelan Skarsgard (Ninofomaníaca) e o penúltimo James Bond, Pierce Brosnan, decorando o cenário, mas como profissionais, eles levam os papéis com a dignidade possível. As velhas amigas de Donna, Tanya (Christine Baransky, do seriado The Good Fight) e Rosie (Julie Walters, a professora de Billy Elliot) fazem o que delas se espera. A novidade ficar por conta da avó de Sophie, Ruby, interpretada por Cher. Aí, se você tinha alguma dúvida sobre qual o público-alvo do filme, deixa de ter.

Não dá para dar nota para um filme de nicho como este. Como cinéfilo, as atuações artificiais, as forçadas de barra do roteiro e a falta de originalidade me incomodaram. Mas se a pergunta é se vai contentar os fãs do original e do estilo água com açúcar, a resposta é sim. Pode não repetir a performance do primeiro, mas não deve passar vergonha nas bilheterias.

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