Review | O Vendedor de Sonhos

O Vendedor de Sonhos é o best-seller de Augusto Cury que já vendeu mais de três milhões de exemplares e foi traduzido para cerca de 60 idiomas. O sucesso editorial do autor agora é adaptado para as telas, e o longa deve ser assistido somente pelos fãs do material original, porque não existe nenhum outro motivo para conferir o filme.

Os adeptos de livros de autoajuda e conhecedores da obra de Cury sabem muito bem o que vão encontrar: frases positivas e cheias de efeitos, que tentam passar valores importantes para nossa vida. Até ai tudo bem. Nas páginas isso até funciona, mas na tela, para que essas mesmas frases ganhem sentido, é preciso um esforço imenso para não cair na caricatura, soando desconexas e artificiais. E é justamente isso que o filme não consegue: dar um sentido à toda a positividade do livro.

Jayme Monjardim, diretor de O Tempo e o Vento e Olga, recebeu a missão de dar vida à obra de Cury e, assim como visto em suas obras anteriores, continua repetindo seus vícios televisivos no cinema. O Vendedor de Sonhos nada mais é do que uma novela mexicana mal feita exibida na telona. Não existe uma linguagem cinematográfica adequada, Jayme prefere manter o clima de suas novelas e constrói cenas lentas, carregadas de emoções falsas e de uma trilha sonora irritante, que só existe para deixar as coisas ainda mais forçadas.

O roteiro de L. G. Bayão respeita o material de Cury e comete aí seu maior pecado. Todas as situações, além de forçadas, não fazem sentido em sua maioria. Na medida em que a história avança, as situações vão se complicando e fica cada vez mais difícil acreditar na trama. Os furos no roteiro são muitos e em vários momentos, muitas cenas parecem existir apenas como desculpa para que o personagem principal surja do nada e solte uma meia dúzia de frases prontas com efeito constrangedor. O roteiro cai facilmente no mau gosto como, por exemplo, na cena de um velório ou na inacreditável sequência de um programa televisivo.

O didatismo é tão grande que subestima o espectador. Desde o início, se deixa claro claro quem são os mocinhos e quem são os vilões. A caracterização também passa essa ideia ao mostrar que as pessoas do bem são pobres e maltrapilhas, enquanto os vilões são ricos e se vestem bem. Os atores também não ajudam e nem se esforçam, mas pensando bem, neste caso pouco poderiam acrescentar. O final diferente do livro só piora as coisas.

Os valores discutidos no filme são importantes e necessários para a atual sociedade, mas pelo menos poderiam ser passados de forma mais verdadeira e menos manipuladora.

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