Review | Besouro Azul

Depois dos fracassos de Shazam: Fúria dos Deuses e The Flash, o futuro da DC Comics nas telonas foi colocado em xeque, até o anúncio da contratação da dupla James Gunn e Peter Safran para o comando do DC Studios, de onde sairão os próximos filmes, séries e animações da editora. Gunn, que já escreveu e dirigiu O Esquadrão Suicida na DC, será responsável pela parte criativa, enquanto Safran terá como missão a produção e comercialização dos novos produtos.

A escolha balançou o coração dos nerds, mas faltava responder uma pergunta: e os filmes que já estavam prontos ou em fase de pós-produção? O que seriam deles? Nesta faixa, dois filmes se encaixavam na lista: Aquaman e o Reino Perdido que (reza a lenda), estreia em 25 de dezembro, e Besouro Azul, em cartaz nos cinemas. Mas como esta aventura se encaixa nos planos dos novos CEOs da DC Studios?

Antes de tudo, é preciso destacar que Besouro Azul é um filme de origem, fato que leva os mais “experientes” a reconhecer uma série de clichês na telona. Vamos à sinopse oficial:

O recém-formado jovem mexicano Jaime Reyes (Xolo Maridueña, de Cobra Kai) volta para casa cheio de aspirações para o futuro. Em meio a uma busca por seu propósito no mundo – e um emprego – o destino o surpreende ao colocar em seu caminho uma antiga relíquia de biotecnologia alienígena, conhecida como Escaravelho.

O besouro alienígena azul escolhe Jaime para ser seu hospedeiro simbiótico – o que lhe dá uma armadura superpoderosa e lhe garante poderes. O problema é que o item é de grande interesse da empresária Victoria Kord (Susan Sarandon, de Thelma & Louise), que une forças ao vilão Carapax (Raoul Max Trujillo, de Herança de Sangue) para recuperá-lo.

Nessa confusão toda, Jaime só poderá contar com a ajuda da própria família e da jovem Jenny Kord (Bruna Marquezine). E agora, o jovem deverá enfrentar desafios imprevisíveis, tendo sua vida transformada para sempre, ao se tornar o Besouro Azul.

Latinidade

Ciente de sua responsabilidade em criar – mais um – filme de origem, o diretor Angel Manuel Soto mira sua câmera para uma particularidade latina: a importância da família. Em sua jornada de descoberta e consolidação dos novos poderes, Jaime conta com o apoio de seu pai Alberto (o veterano Damián Alcázar), a mãe Rocio (Elpidia Carrillo, de O Gabinete de Curiosidades de Guillermo Del Toro), a avó Nana (Adriana Barraza, de Bingo Hell), a irmã Milagro (Belissa Escobedo, de Abracadabra 2) e o tio Rudy (George Lopez, de Missão Quase Impossível).

A dinâmica entre os atores é muito divertida e repleta de referências para o público brasileiro, com direito a Chapolin Colorado e a novela Maria do Bairro. Mas o destaque fica mesmo para a interação entre Xolo Maridueña, que vem pavimentando sua jornada entre os grandes nomes de Hollywood, e a brasileira Bruna Marquezine, em seu primeiro papel internacional, executado com muita competência. Seu inglês não deixa a desejar e a interação com veteranos como Susan Sarandon acontece naturalmente. A atriz deve se tornar figura constante em produções gringas.

Aliás, a vilã de Susan Sarandon também carrega diversos clichês em suas ações, restando a Raoul Max Trujillo a tarefa de fazer frente ao novo herói com sua armadura O.M.A.C. Os fãs de quadrinhos mais experientes podem lembrar do personagem criado por Jack Kirby, mas aqui temos uma versão do vilão remodelado por Greg Rucka em 2005, como uma poderosa arma do também vilão Maxwell Lord.

A jornada do novo herói tem poucas novidades. Começa com Jaime apavorado, passa para a negação e depois para a redenção, transformando o garoto em um provável novo grande super-herói. Mas, já que o assunto são clichês, aqui vai mais um: em Besouro Azul, o importante é a jornada. Mesclando boas cenas de ação, comédia e uma pitada de drama, o novo filme da DC Studios traz um “detalhe” que seus filmes anteriores não conseguiram, ao fazer com que o público se envolva e se importe com Jaime e sua família.

Mesmo que de maneiras bastante peculiares, cada integrante da Família Reyes tem sua importância e um papel específico na formação do novo Besouro Azul. Novo? Sim, isso mesmo. Jenny Kord é filha de Ted Kord, o Besouro Azul original, diversas vezes citado e apresentado no filme.

Ao final, Besouro Azul talvez não seja o filme que irá salvar a DC Studios, mas não deve fazer feio como seus antecessores. Se a bilheteria do primeiro final de semana não foi a esperada, como muitos veículos noticiaram, talvez seja porque o público anda suspeitando do que a editora tem apresentado nas telonas. Neste caso, não há nada que o Escaravelho possa fazer, além de torcer para que a simpática jornada de Jamie Reyes leve o público aos cinemas.

 

 

Observações finais: Besouro Azul tem uma interessante cena pós-crédito logo após o final do filme e outra bem ao final, em mais uma divertida homenagem a um herói amado pelo público brasileiro. Sobre Aquaman e o Reino Perdido, nada a comentar. Ainda mais depois da cena pós-crédito de The Flash. Enfim, só nos resta aguardar e torcer por James Gunn e Peter Safran à frente do novo DC Studios.

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