Review | Uma Quase Dupla

Os atores Tatá Werneck e Cauã Reymond queriam muito trabalhar juntos no cinema. Fundada a parceria, a dupla batalhou atrás de um roteiro que interessasse a ambos. A escolha acabou sendo uma comédia policial, gênero pouco explorado nas produções humorísticas do cinema nacional. O roteiro de Ana Reber e Leandro Muniz, recebeu a colaboração de Fernando Fraiha, Daniel Furlan e da própria Tatá. O diretor Marcus Baldini responsável pelos sucessos Bruna Surfistinha (2011) e Os Homens São de Marte… E é pra Lá que Eu Vou! (2014), assumiu o projeto.

No longa, Tatá  é a experiente policial Keyla, que trabalha no Rio de Janeiro, mas acaba convocada para auxiliar uma investigação de um crime inusitado ocorrido na pacata cidade de Joinlândia. É lá que ela terá que dividir a investigação com o inocente bom moço Cláudio (Cauã Reymond). A dupla – que não apresenta nada em comum – precisará se entender para resolver o caso, ainda mais depois que outros assassinatos brutais acontecem no local.

Sem dúvida o maior atrativo do filme é o contraste entre os perfis dos protagonistas. Grande clássico da comédia policial, unir uma dupla bastante diferente entre si é um tema bastante batido, mas que ainda funciona muito bem. O roteiro mistura comédia com ação e também comédia com suspense. O enredo nada original, aposta mesmo na excelente química entre seus atores.

Tatá – a grande revelação do humor contemporâneo – mantém o estilo verborrágico característico, indo do escatológico ao nonsense na mesma frase. Por mais que a dicção ainda atrapalhe o entendimento de algumas falas, o ritmo da atriz é muito bom. Sempre engraçada e competente, sua personagem diverte bastante, muito devido ao exagero.

Se Tatá já tem familiaridade com o humor, o filme apresenta uma faceta pouco conhecida de Cauã. Acostumado com personagens fortes e marcantes na televisão, o ator tem a oportunidade de mostrar um outro lado de seu trabalho, saindo-se também muito bem. Seu ingênuo e abobalhado personagem faz um contraponto muito divertido com Tatá. Ao embarcar em outros gêneros, Cauã se afirma como um dos mais promissores atores de sua geração.

Com um roteiro pouco inventivo, que parece muitas vezes deixar o riso sob os improvisos de Tatá, Marcus Baldine dirige de forma simples sem correr maiores riscos. A trilha sonora, figurino e a direção de arte invocam bastante os anos setenta, que ajudam no tom de paródia que a produção assume.

Mesmo com tantos altos e baixos, Uma Quase Dupla consegue fôlego para apresentar um material simples e divertido, exagerando um pouco no humor muitas vezes bastante infantil. De qualquer maneira, merece destaque por tentar se afastar do atual cenário nacional, cada vez mais refém de franquias e produções repetitivas.

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