Review | Shadow of the Colossus

Para você, o que define a experiência de uma série, filme ou jogo? Seria a trilha sonora? A fotografia, edição ou montagem? Talvez o roteiro, muito bem trabalhado e cheio de reviravoltas? Para este que vos escreve, é tudo isso e nada disso. O que realmente define uma experiência é o seu envolvimento com a trama apresentada. E neste quesito, Shadow of the Colossus se apresenta – novamente – como um clássico que atravessa gerações e encanta jogadores há exatos 13 anos.

Desenvolvido pela SCE Japan Studio e publicado pela Sony Computer Entertainment para o PlayStation 2 em outubro de 2005 no Japão e América do Norte e fevereiro de 2006 no resto do mundo, o jogo dirigido por Fumito Ueda, de Ico e The Last Guardian, tornou-se um clássico instantâneo, com gráficos que forçavam ao limite o console. Em 2011, o jogo ganharia sua primeira remasterização pela Bluepoint Games para o PlayStation 3, mesma empresa responsável pela versão para PS4.

Antes de tudo, preciso confessar: NUNCA joguei Shadow of the Colossus antes de “mergulhar” nesta versão para o PS4. Em minha extensa carreira gamer, cheguei a ter um PlayStation 2, mas na geração seguinte, acabei optando por um Xbox 360, até voltar aos domínios da Sony. No entanto, é óbvio que li – e ouvi – muito sobre o jogo de Fumito Ueda. Mas nada me prepararia, de verdade, para o que estava por vir.

O enredo do jogo é relativamente simples. Você encarna o jovem Wander, que se aventura nas Terras Proibidas com uma garota chamada Mono, que está morta. Pouco se sabe do protagonista, que tem apenas um objetivo: ressuscitar sua amada, ‘vítima’ de Lord Emon, que a sacrificou em prol da sua tribo, com o intuito de impedir o retorno de Dormin, uma criatura sombria cujo espírito foi ‘selado’ nos 16 colossos que enfrentaremos.

Para trazer Mono de volta à vida, Wander se propõe a derrotar os colossos. Com uma espada mágica, que aponta a localização de cada um, parte em sua missão, mesmo que cada vitória altere sua aparência, fazendo sua pele ficar mais pálida e chifres nascerem em sua testa.

Desafios

Os desafios dos jogadores são dois: encontrar os colossos e derrotá-los. Parece simples, não? Muito pelo contrário. Encontrar os colossos, muitas vezes, exige paciência e muita exploração. Por outro lado, circular pelo mapa de Shadow os the Colossus é uma das experiências mais belas desta atual geração de consoles. Os bugs estão lá – afinal de contas, estamos falando de uma remasterização – mas nada que ofusque o brilho do jogo.

Após encontrar o colosso, sua missão é descobrir como derrubá-lo, já que estamos falando de uma criatura muitas vezes gigante, cuja força é impossível de se rivalizar. Neste ponto, um dos maiores atrativos do jogo se revela: cada colosso deve ser derrotado com o “auxílio” do próprio mapa, ou seja, do ambiente no qual ele se encontra. Descobrir como fazer isso e colocar em prática o plano, para cada colosso, me fez parecer “o melhor do jogador do mundo”. Sem brincadeira, é extremamente prazeroso desvendar cada um dos quebra-cabeças.

Foi assim que, pela primeira vez desde que adquiri meu PS4, outra “mágica” aconteceu. Meu filho Benício, de 3 anos e meio, pouco se interessava quando me via jogando. Com Shadow of the Colossus, foi diferente. Cada colosso nos encantou – outros, mais do que alguns – e juntos trabalhamos cada um dos planos para derrotá-los. Todos os dias, quando chegávamos em casa, ouvia: “pai, vamos jogar o jogo dos gigantes?”. Para minha alegria – e “desespero” da sua mãe.

Contudo – e pelo que li por aí, este sentimento não era exclusivamente nosso –, nem sempre derrubar um colosso nos fazia feliz. Cada um deles, em sua representação, significava mais do que um grande desafio, mas também um vislumbre de momentos verdadeiramente mágicos. Fossem eles vividos nas Terras Proibidas, ou mesmo em nossa relação entre pai e filho. Resumindo: nós não queríamos que terminasse.

Ao final, ficou aquele “vazio”, de quem queria mais. Por outro lado, a satisfação de chegar ao final, juntos, como tinha que ser. Desde então, Shadow of the Colossus está marcado em nossas histórias, como muito mais do que uma experiência de entretenimento, mas também de parceria e encantamento.

Técnica

A remasterização da Bluepoint Games é belíssima. Jogamos em um PS4 convencional e longe de uma televisão com resolução 4K. Ainda assim, o visual é encantador. No entanto, um ponto incomodou: o posicionamento da câmera. Às vezes, a visualização era tão afetada, que “apanhávamos” do colosso sem sequer saber por onde. É o tipo de dificuldade que pode frustrar um gamer menos engajado, fazendo-o perder o interesse pelo jogo.

A trilha sonora é outro ponto a ser elogiado. Simples, mas imersiva, colabora com os momentos de tensão do jogo. Não foram poucas as vezes que Benício perguntou: “pai, porque está tocando essa música?”. O que não percebia era que, se ele sequer piscava olhando para a televisão, boa parte daquele sentimento era criado pela trilha sonora.

Enfim, Shadow of the Colossus merece ser revisitado por aqueles que já o fizeram em consoles anteriores, e também jogado por quem nunca havia se arriscado pelas Terras Proibidas, como este que vos escreve.

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Este review foi produzido a partir de mídia física do jogo, gentilmente cedida pela assessoria de imprensa da Sony e PlayStation do Brasil.

 

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