Review | Falcão e o Soldado Invernal (Disney+)

Após o final de WandaVision, os fãs da Marvel perguntaram-se quando as cenas de ação chegariam às produções da plataforma de streaming Disney+. Pois bem, Falcão e o Soldado Invernal reúne doses de adrenalina, porém, muito mais do que isso, encontra espaço para tratar sobre racismo estrutural, remorso, legado e outros temas, enfatizando a preocupação – recente ou não – da Marvel Studios em discutir temas que insistem em permanecer nos noticiários.

A série dá continuidade aos eventos de Vingadores: Ultimato, com Sam Wilson (Falcão – Anthony Mackie ) e Bucky Barnes (Soldado Invernal) partindo em uma aventura ao redor do mundo que testa suas habilidades e paciência, com a direção competente de Kari Skogland e roteiro de Malcolm Spellman.

A partir de agora, SPOILERS!

A série começa com Sam devolvendo o escudo do Capitão América, entregue a ele pelo velho Steve Rogers (Chris Evans) ao final de Vingadores: Ultimato, às mãos do governo norte-americano.

Como não poderia deixar de ser, o que deveria se tornar objeto de museu logo é entregue a um soldado condecorado, John Walker (interpretado por Wyatt Russell, filho de Kurt Russell e Goldie Hawn). Sem o soro do super soldado, Walker veste o uniforme do Cap e sai em busca de justiça, ao lado do amigo Lemar (Clé Bennett), o Estrela Negra.

Enquanto isso, vemos Bucky em suas sessões de terapia, que resultam em tentativas de resolver pendências do passado, quando ainda era mentalmente controlado e exercia a vontade da Hydra como o Soldado Invernal.

Tudo se complica quando surgem os Apátridas, liderados por Karli Morgenthau (Erin Kellyman), grupo que luta contra a separação das nações por fronteiras e outros temas nacionalistas, como o escudo do Capitão América, por exemplo. De forma velada, sugerem que o mundo volte a ser o que era antes do Blip, que reverteu os efeitos da Dizimação de Thanos, estalar de dedos que fez desaparecer metade da população mundial.

Portadores do soro do super soldado, Karli e seus amigos querem resgatar a união que o Blip trouxe ao planeta, com as pessoas se unindo para ajudar umas às outras. No entanto, com o retorno das vítimas do Blip, o receio é que o fim das barreiras termine, eliminando a oportunidade de criar uma sociedade mais justa e humana.

Ferida

Mas esta é apenas uma das feridas que Falcão e o Soldado Invernal resolve mexer. Em sua crise existencial, logo após a revelação do novo Capitão América, Sam é levado por Bucky até a casa de Isaiah Bradley (Carl Lumbly), o primeiro Capitão América da Marvel.

Depois que ele e outros amigos soldados foram submetidos a testes com o soro do super soldado, Isaiah foi o único sobrevivente. Por isso, ficou preso durante 30 anos, servindo de cobaia para que cientistas tentassem replicar o soro que corre em suas veias.

Negro, teve sua existência apagada para que pudesse continuar vivendo, em uma pesada crítica ao racismo estrutural de nossa sociedade, e também ponto determinante para que Sam repensasse seu papel como o novo Capitão América.

Preconceito também observado no arco em que Sam e sua irmã Sarah (Adepero Oduye) tentam um empréstimo bancário para recolocar em funcionamento o barco pesqueiro que pertencia a seus pais. Neste caso, a recusa é potencializada pelo fato de Sam ser um regresso do Blip.

Velhos ‘amigos’

Os heróis resolvem descobrir a origem do novo soro do super soldado e para ajudá-los, Bucky resolve tirar o Barão Zemo (Daniel Brühl) da cadeia. Em pouco tempo, o trio está em Madripoor, pequena nação insular ao sudeste da Ásia que, por ter sido fundada por piratas, apresenta uma certa ‘tolerância’ para o crime e a corrupção.

Madripoor é cenário recorrente das aventuras dos X-Men e mais um indício que os mutantes devem, em breve, marcar presença no Universo Cinematográfico Marvel (UCM). Lá, o trio descobre a origem do soro com a ajuda de Sharon Carter (Emily VanCamp), ex-agente da SHIELD que precisou se esconder após ajudar Sam e Steve Rogers nos acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil.

Após revelarem a origem do novo soro, o trio acaba enfrentando Karli e seus combatentes novamente, dando origem a uma das mais impactantes cenas do UCM, quando o novo Capitão América mata um super soldado com seu escudo, após injetar em si mesmo o soro.

A impotência de Walker frente aos super soldados, aliado à morte do amigo Lemar e a pressão por assumir o uniforme do Cap, levam o ex-soldado a fazer uso do soro e ultrapassar limites que o levam a perder o título, dando o primeiro passo para a origem do Agente Americano – com uma ajudinha da condessa Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), conhecida nos quadrinhos como Madame Hydra, entre outros nomes.

Epílogo

Após entregar o Barão Zemo para as Dora Milaje, guarda real do Pantera Negra, para que o vilão responda pela morte do rei T’Chaka, Bucky faz um novo pedido para as wakandanas. Assim, o episódio final de Falcão e o Soldado Invernal chegou repleto de expectativa por algo que foi recorrente nos quadrinhos: Sam assumindo o posto de Capitão América.

Ao chegarmos no último capítulo, a batalha contra o plano final dos Apátridas faz com o espectador torça para que tudo termine bem, mesmo que saibamos que isso é impossível – seja na ficção ou na realidade. Durante a jornada, Bucky aprende que não precisa contornar os erros de seu alter ego e Sam contorna seus medos para mostrar ao mundo que o Capitão América não precisa de poderes, mas de força, determinação e perseverança, seja qual for a cor de quem empunha o escudo.

Ao apagar das luzes, a série ganha um novo título: Capitão América e o Soldado Invernal, comprovando que Steve Rogers – e quem sabe Tony Stark, em um futuro próximo – se foi, mas que seu alter ego sempre terá espaço.

Segunda série da Marvel no Disney+ e mais um passo na Fase 4 do UCM, a série tem boas atuações de Anthony Mackie e Sebastian Stan, traz grandes cenas de ação e ainda discute temas cada vez mais pertinentes, comprovando que entretenimento e conscientização podem andar juntos, atingindo um número cada vez maior de pessoas.

Se ainda não assistiu, vale a pena! 

Sobre o novo uniforme, grande parte dos fãs aprovaram, principalmente por sua semelhança com o que vimos nos quadrinhos, enquanto outros criticaram, por se tratar chamativo demais. Particularmente, gostei bastante, mas ainda há tempo para melhorar o que foi visto na série. Até porque Capitão América 4 foi confirmado momento após o encerramento da série, mas ainda não tem data de estreia prevista. Será na Fase 4, Fase 5 ou em futuro próximo?

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Cena pós-crédito: apesar de encerrar diversos ciclos, a série deixa uma pergunta importante sem resposta. Quem é Sharon Carter? O Mercado do Poder ou alguém muito mais importante na roda de eventos da Fase 4 do UCM? Aliás, será que essa é mesmo Sharon Carter?

E agora, para encerrar este review, um novo pôster enviado pela Disney:

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