Review | Operação Fronteira

Sabe aquele filme de estúdio feito sob encomenda, com diversos atores conhecidos e um diretor em ascensão, reunidos numa história que já vimos acontecer diversas vezes? Operação Fronteira se encaixa perfeitamente nesta fórmula. Surpreende dizer que a produção é da Netflix?

O diretor J.C. Chandor já havia demonstrado um grande talento em seu filme anterior – O Ano Mais Violento – e aqui sua direção está no automático. É difícil identificar qualquer assinatura de Chandor nas mais de duas horas do longa, por isso, cabe ao espectador saber o que lhe espera, um filme que vai acontecendo de acordo com o acaso e sem clímax algum. Para alguns isso é ótimo, comigo soou como mera preguiça de roteiro.

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No longa, cinco soldados norte-americanos se arriscam numa missão secreta na região da tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai a fim de derrubarem um grande narcotraficante sul-americano que armazena uma grandiosa quantidade de dinheiro do tráfico no meio da mata.

Vendido como um filme de assalto, Operação Fronteira vai decepcionar quem for assistir esperando planos mirabolantes, sequências de ação eletrizantes e reviravoltas surpreendentes. Sem querer estragar a expectativa de ninguém, mas o roteiro de Mark Boal (dos ótimos A Hora Mais Escura e Guerra ao Terror) é tão raso que os acontecimentos se sucedem de maneira apática e nem mesmo as dificuldades enfrentadas pela equipe de soldados nos convencem de que eles realmente estejam em perigo.

A grande sacada do longa para atrair público é reunir um elenco estrelar com nomes como Ben Affleck (Argo), Oscar Isaac (O Ano Mais Violento), Charlie Hunnam (Z: A Cidade Perdida), Pedro Pascal (A Grande Muralha) e Garrett Hedlund (Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi).

Embora os nomes chamem atenção, a preguiça do roteiro se reflete nos personagens que têm os mesmos dilemas: vivem vidas frustradas e precisam de dinheiro. Com isso, os dramas estão instalados, mas é difícil criarmos empatia por aqueles soldados que são levados apenas pela ganância.

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Isaac e Affleck são os que mais conseguem se destacar no meio do bando, o primeiro por ser uma espécie de personagem mais próximo do espectador e quem reúne a equipe de soldados de confiança para a missão. Já Affleck encarna um personagem mais rico em camadas e praticamente um contrapeso para Isaac, mas nenhum deles encontra um grande momento durante o filme.

Para quem quiser se arriscar, Operação Fronteira pode ser encarado como uma crítica ao militarismo norte-americano que invade países desguarnecidos de forma inescrupulosa apenas de olho em dinheiro sujo, mas é difícil engolir a execução enfadonha de Chandor aliada ao roteiro preguiçoso de Boal, talvez com melhor desenvolvimento dos personagens e cenas de ação melhores o resultado até poderia empolgar uma sequência.

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