Review | Sem Remorso (Amazon Prime Video)

Tom Clancy, morto em 2013, é um dos escritores mais consagrados da literatura de espionagem e teve sua obra adaptada dezenas de vezes para games, televisão e cinema. Seu personagem mais icônico é Jack Ryan, criado nos anos 80, e hoje integrante da cultura popular.

Nos cinemas, Jack Ryan já foi visto na pele de Alec Baldwin em Caçada ao Outubro Vermelho (1990), e depois em duas aventuras estrelada por Harrison Ford: Jogos Patrióticos (1992) e Perigo Real e Imediato (1994).

Mais recentemente, o personagem foi defendido por Ben Affleck em A Soma de Todos os Medos (2002), e por fim em Operação Sombra: Jack Ryan (2014), desta vez interpretado por Chris Pine.

Além de expandir a franquia nas dezenas de livros já lançados e em mais de 40 games, Jack Ryan também marca presença com suas aventuras desde 2018 na série da Amazon, Tom Clancy’s Jack Ryan, atualmente com duas temporadas produzidas e estrelada por John Krasinski.

Recorrente

Além de Jack Ryan, outro personagem secundário recorrente que chama a atenção no universo compartilhado de Tom Clancy é John Kelly, também já conhecido nas telonas, interpretado por Willem Dafoe em Perigo Real e Imediato e por Liev Schreiber em A Soma de Todos os Medos.

John Kelly ganha agora uma nova chance nas telas e um filme todo seu. Sem Remorso (Tom Clancy’s Without Remorse) é a aguardada estreia na Amazon Prime Video, que apresenta o personagem para uma nova geração e para tanto, conta com a presença de Michael B. Jordan, astro em alta em Hollywood.

Em Sem Remorso conhecemos John Kelly, um agente que faz parte de um grupo especial do exército em missão na Síria que volta para casa depois que uma missão não deu muito certo.

Certa noite, já em casa com a esposa grávida, assassinos invadem sua casa e tentam matá-lo, mas a única vítima que conseguem fazer é sua esposa Pam (Lauren London). A partir daí, John começa uma busca alucinante por vingança, indo atrás dos responsáveis.

Para isso, terá a ajuda de uma colega do exército, Karen Greer (Jodie Turner-Smith), e do secretário Clay (Guy Pearce). As descobertas e conspirações que aparecem diante de sua investigação envolverão muito mais coisas do que ele imaginava.

Pragmático

A condução da adaptação ficou nas mãos dos roteiristas Taylor Sheridan (12 Heróis) e Will Staples (Os Eleitos) e do diretor Stefano Sollima (Sicario: Dia do Soldado). O trio pouco se arrisca com o material em mãos.

As linhas de Sheridan e Staples são convencionais e ambos fazem somente aquilo que se é esperado desse tipo de filme. A direção pragmática de Sollima também se encaixa bem com o material desejado.

Cabe então a Michael B. Jordan se desdobrar e, na medida do possível, tudo se encaixa bem. A ação inicial é genuína, mesmo com os fatos sendo apresentados de maneira apressada.

Entende-se desde o começo a intenção e motivação do personagem e seu desejo por vingança. Seguindo o formato de tantos outros filmes de ação dos anos 80 e 90, o longa vai trilhando seu caminho em meio a revelações que o protagonista vai reunindo para alcançar seu objetivo.

Nem todas as investidas no roteiro funcionam, principalmente as que envolvem o personagem de Jamie Bell (Quarteto Fantástico), extremamente talentoso, mas sem muito o que fazer em cena. Se o roteiro derrapa, cabem às grandiosas e intensas cenas de ação fazerem sua parte.

Bem realizadas, estas cenas conseguem segurar o interesse, apresentando um realismo bem interessante para a dinâmica do longa.

Dependência

Sem Remorso peca por depender demais do seu protagonista. Surge então Michael B. Jordan como o astro ideal para o filme. Jovem, bonito, carismático, engajado, é a estrela em ascensão em Hollywood que está aproveitando muito bem seu o seu momento.

Talentoso, escolhe bem seus papeis, flertando com diversos gêneros e obtendo bons desempenhos, seja em dramas como Fruitvale Station: A Última Parada (2013) e Creed: Nascido para Lutar (2015) – em parceria com o excelente diretor Ryan Coogler –, em filmes menores como o pouco conhecido, mas ótimo Poder Sem Limites (2012), ou em megaproduções como Pantera Negra (2018).

Sem demonstrar cansaço, estará nos próximos filmes de Denzel Washington (A Journal for Jordan), Danny Boyle (Methuselah) e se juntará mais uma vez ao parceiro Ryan Coogler em Wrong Answer. Mas talvez o maior desafio esteja a cargo de Creed III, onde além de protagonizar também fará sua estreia como diretor.

Neste Sem Remorso, recorre ao óbvio para entreter, utilizando a grife criada por Tom Clancy. Não se trata de um filme inovador, mas que consegue agradar até os mais exigentes, com uma abordagem sincera e ação genuína. Muito melhor, por exemplo, se comparado a produções como The Old Guard e Resgate, sucessos recentes do gênero na Netflix.

Ação do início ao fim, para quem busca uma dose de adrenalina.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *