A cerimônia do Oscar, que aconteceu neste domingo, dia 25, reservou diversas surpresas, tanto na premiação como no programa em si. As estatuetas de Frances McDormand, por Nomadland, e, principalmente de Anthony Hopkins, por Meu Pai, surpreenderam – ainda que justas – e foram as últimas a serem entregues, mudando a ordem há muito estabelecida de que a festa termina com a revelação do Melhor Filme.
Desta vez, Nomadland recebeu o prêmio principal no meio da festa, e sua diretora, Chloé Zhao, praticamente no começo. O tapete vermelho na Union Station também foi muito mais informal, sem a aglomeração de fãs, paparazzis e assessores de imprensa, assim como a cerimônia, mais parecida com os primórdios do Oscar, quando acontecia em restaurantes. A seguir, os highlights da noite pelo IMDB (em inglês, sorry).
A apresentação das canções indicadas aconteceu antes da cerimônia em si, durante a transmissão do tapete vermelho, para tentar agilizar o evento. Confesso que só ouvi os indicados nessa hora, e já achei a composição de H.E.R., a suingada Fight for you, para Judas e o Messias Negro a melhor dentre tantas canções melosas. E não é que ela ganhou?
As tradicionais piadas ficaram restritas a um bloco comandado pelo ator e comediante Lil Rel Howery (Judas e o Messias Negro), que deu à Glenn Close a chance de exibir seu bom humor e rebolado, mesmo completando oito indicações em nenhum Oscar.
Também ao invés de trechos dos filmes indicados, houve uma pequena apresentação de cada um, com curiosidades sobre suas trajetórias até ali. Não faltou o tradicional In Memorian, que terminou justo com Chadwick Boseman, indicado póstumo a Melhor Ator e favorito até então.
Aparentemente, o diretor do show, Steven Sorderbergh, havia planejado encerrar com uma apoteótica vitória do Pantera Negra e, quiçá, de Viola Davis momentos antes. A Academia resolveu estragar a brincadeira dando o Oscar a Anthony Hopkins, que além de não estar presente, estava dormindo em Londres.
Perdeu-se a chance de repetir 19 anos atrás, quando Denzel Washington e Halle Berry ganharam como Melhor Ator e Atriz, mas ninguém pode acusar o Oscar de boicote. Com sua performance pungente, Frances – além de superar Meryl Streep, que também tem três Oscars, mas um deles como Coadjuvante – ainda recebeu outra estatueta por ser uma das produtoras de Nomadland; e Hopkins entrega em Meu Pai uma atuação tecnicamente soberba.
Momentos marcantes
Outros momentos marcantes da noite ficaram por conta do discurso de Thomas Vinterberg, vencedor como Filme Internacional por Druk – Mais uma Rodada, lembrando a filha morta em um acidente pouco antes do início das filmagens; o melhor coadjuvante por Judas e o Messias Negro, Daniel Kaluuya, ruborizando a mãe ao lembrar que ele só estava lá porque um dia ela havia transado; e a vovó coreana de Minari, Yuh-jung Youn, paquerando Brad Pitt (apresentador do prêmio de Atriz Coadjuvante e produtor-executivo do filme) e extravasando bom humor.
No final das contas, foi um Oscar que representou não apenas a pandemia em curso, mas também os novos tempos de Hollywood, com diversidade, filmes indie e quebra de paradoxos. Como lembrou o jornalista Artur Xexeo na transmissão do G1/Globoplay (em ótima parceria com Maria Beltrão e Dira Paes, by the way), se a Academia fosse essa em 1999, talvez Fernanda Montenegro tivesse ganhado a estatueta dourada por Central do Brasil.
Confira todos os indicados e vencedores, com links para nossos reviews:
MELHOR FILME
Meu Pai
Judas e o Messias Negro
Mank
Minari
Nomadland
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
MELHOR DIREÇÃO
Thomas Vinterberg – Druk: Mais uma Rodada
David Fincher – Mank
Lee Isaac Chung – Minari
Chloé Zhao – Nomadland
Emerald Fennell – Bela Vingança
MELHOR ATOR
Riz Ahmed – O Som do Silêncio
Chadwick Boseman – A Voz Suprema do Blues
Anthony Hopkins – Meu Pai
Gary Oldman – Mank
Steven Yeun – Minari
MELHOR ATRIZ
Viola Davis – A Voz Suprema do Blues
Andra Day – Estados Unidos Vs Billie Holiday
Vanessa Kirby – Pieces of a Woman
Frances McDormand – Nomadland
Carey Mulligan – Bela Vingança
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Sacha Baron Cohen – Os 7 de Chicago
Daniel Kaluuya – Judas e o Messias Negro
Leslie Odom Jr. – Uma Noite em Miami
Paul Raci – O Som do Silêncio
Lakeith Stanfield – Judas e o Messias Negro
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Maria Bakalova – Borat: Fita de Cinema Seguinte
Glenn Close – Era uma Vez um Sonho
Olivia Colman – Meu Pai
Amanda Seyfried – Mank
Yuh-Jung Youn – Minari
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Borat: Fita de Cinema Seguinte
Meu Pai
Nomadland
Uma Noite em Miami
O Tigre Branco
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Judas e o Messias Negro
Minari
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
MELHOR CURTA-METRAGEM
Feeling Through
The Letter Room
The Present
Two Distant Strangers
White Eye
MELHOR ANIMAÇÃO
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
A Caminho da Lua
Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca
Soul
Wolfwalkers
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Burrow
Genius Loci
If Anything Happens I Love You
Opera
Yes-People
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Collective
Crip Camp: Revolução pela Inclusão
The Mole Agent
Professor Polvo
Time
MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM
Collete
A Concerto is a Conversation
Do Not Split
Hunger Ward
A Love Song for Latasha
MELHOR FILME INTERNACIONAL
Druk: Mais uma Rodada (Dinamarca)
Better Days (Hong Kong)
Collective (Romênia)
O Homem que Vendeu Sua Pele (Tunísia)
Quo Vadis, Aida? (Bósnia)
MELHOR FOTOGRAFIA
Judas e o Messias Negro
Mank
Relatos do Mundo
Nomadland
Os 7 de Chicago
MELHOR MONTAGEM
Meu Pai
Nomadland
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Amor e Monstros
O Céu da Meia-Noite
Mulan
O Grande Ivan
Tenet
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Terence Blanchard – Destacamento Blood
Trent Reznor e Atticus Ross – Mank
Emile Mosseri – Minari
James Newton Howard – Relatos do Mundo
Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste – Soul
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Fight for You” – Judas e o Messias Negro
“Hear my Voice” – Os 7 de Chicago
“Husavik” – Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars
“Io Sí” – Rosa e Momo
“Speak Now” – Uma Noite em Miami
MELHOR SOM
Greyhound
Mank
Relatos do Mundo
Soul
O Som do Silêncio
MELHOR FIGURINO
Emma
A Voz Suprema do Blues
Mank
Mulan
Pinóquio
MELHOR CABELO E MAQUIAGEM
Emma
Era uma Vez um Sonho
A Voz Suprema do Blues
Mank
Pinóquio
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
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