Review | Mussum – O Filmis

Na última quinta-feira, dia 26, Polo Shopping e Topázio Cinemas promoveram a pré-estreia para convidados de Mussum – O Filmis, cinebiografia do sambista e humorista Antonio Carlos Bernardes Guedes, que chega aos cinemas neste dia 2 de novembro, feriado de Finados.

A escalação para interpretar o trapalhão não poderia ser outro que não Ailton Graça (o inesquecível Majestade de Carandirú), ótimo ator que, além de engraçado, tem samba no pé. É o papel da vida dele, mesmo que, aos 59 anos, seja mais velho que Mussum ao morrer, em 1994.

Além dos trejeitos e bordões que eram a marca registrada do humorista, Ailton dá profundidade ao personagem, ainda lembrado mesmo passados quase 30 anos de seu falecimento.

O filme dirigido por Silvio Guindane (baseado no livro de Juliano Barreto) narra a vida de Mussum desde a infância pobre, sob a vigilância severa da mãe Malvina, uma interpretação primorosa da comediante Cacau Protásio (Vai que Cola), substituída na velhice pela veterana Neusa Borges.

A versão infantil do protagonista é vivida por Thawan Lucas (que também foi o Pixinguinha criança em Pixinguinha – Um Homem Carinhoso) e na juventude por Yuri Marçal, de Vale Night, ambos ótimos.

A vida de Mussum no filme é também um desfile de ícones da cultura brasileira como Cartola, Elza Soares, Carlos Machado (o Rei do Teatro de Revista), Grande Otelo (de quem ele ganharia o apelido), Chico Anysio (Vanderlei Bernardino, em ótima caracterização), Jorge Ben (autor do primeiro sucesso d’Os Originais do Samba com Cadê Teresa?), Alcione, entre outros.

Dos Trapalhões, o destaque fica por conta de Felipe Rocha (Como Nossos Pais, Lili – A Ex) no papel de Dedé Santana, enquanto Gero Camilo (o Sem Chance de Carandirú) faz um Renato Aragão pouco convincente.

Aliás, a passagem de Mussum pela trupe humorística de maior sucesso na TV e cinema brasileiros – reunindo alguns quadros bastante memoráveis – passa meio batido pela polêmica separação, que durou um ano, mas que rendeu uma passagem por Indaiatuba no período do trio sem Didi.

O alcoolismo também é citado apenas em insistentes cenas em que o comediante bebe principalmente uísque (merchã do Passport?).

Mas a verdade é que o tom do longa é de homenagem ao artista, e não de uma autópsia do homem. Para os que cresceram com Os Trapalhões, rende momentos de sorrisos nostálgicos e para os mais jovens, o conhecimento sobre quem é personagem dos memes e da frase e cerveja Cacildis.

Ainda que não insista no preconceito racial – mas sem ignorá-lo – e nas questões familiares com esposas e filhos, a relação com a mãe é comovente, com direito a cenas como quando ele ensina a versão de Cacau Protásio a escrever.

Dentro das diversas cinebiografias que surgiram nos últimos anos, Mussum – O Filmis se destaca pela boa direção, roteiro equilibrado e com caracterizações e reconstituição de época convincentes.

As imperfeições são largamente compensadas pela atuação de Ailton em estado de Graça, um intérprete com uma carreira marcante, mas que ainda não havia feito um filme para chamar de seu.

Agora tem, e é uma aposta para um sucesso de bilheteria, além de crítica, como comprovam os seis prêmios no Festival de Gramado, incluindo de Melhor Filme do Júri e do Público, e de Melhor Ator.

Confira abaixo algumas cenas do filme:

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E para finalizar, uma esquete do filme, para aqueles que sentem saudades dos Trapalhões:

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