Review | O Pior Vizinho do Mundo tem Tom Hanks tentando ser chato

O Pior Vizinho do Mundo estreia amanhã no Brasil, incluindo Indaiatuba, e o Nerd Interior já conferiu em cabine promovida pelo Topázio Cinemas.

Refilmagem de uma produção alemã de 2015, e que concorreu ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2017, O Pior Vizinho do Mundo traz Tom Hanks não apenas encabeçando o elenco, mas também como produtor.

Já faz algum tempo que o consagrado astro, com dois Oscars de Melhor Ator na prateleira de troféus, vem buscando papéis diferentes daqueles que o tornaram uma lenda do cinema. Este é o caso de Otto, um velho metódico, viúvo recente, que mesmo não tendo mais o cargo, comporta-se como síndico do pequeno condomínio em que mora.

Aposentado compulsoriamente do emprego em que estava há décadas, ele tem tudo planejado para se livrar dos idiotas que o cercam e do mundo que não entende, quando uma família de latinos se muda em frente à sua casa.

Há semelhanças involuntárias com Gran Torino, a última obra-prima de Clint Eastwood. Em ambos, os protagonistas são idosos deslocados no tempo, cuja única ligação com o mundo eram suas esposas (aqui, vivida por Rachel Keller, de Legion), são obcecados por automóveis americanos e veem sua vidas mudarem com a chegada de vizinhos de outra etnia.

A diferença é o tom dramático do filme de Eastwood – que faz do protagonista uma versão outonal de sua própria persona cinematográfica, e a quase cômica composição de velho rabugento de Tom Hanks, que para interpretar um ser desprezível convincente teve que ser soterrado por toneladas de maquiagem e adotar um sotaque ridículo em Elvis.

E há o gato. Um vira-latas felpudo surge de repente na vizinhança e acaba adotando Otto, que o inclui em sua rotina cronometrada. O felino é um observador silencioso da ação, e que junto da família de Marisol (Mariana Treviño) e do jovem Malcolm (Mack Bayda) vão dar um sentido para a vida do velho chato. Quem tem um em casa sabe bem como é.

O diretor Marc Foster tem no currículo sucessos como Guerra Mundial Z, Caçadores de Pipas, Em Busca da Terra do Nunca e outros nem tanto, como Mais Estranho que a Ficção, que eu acho subestimado.

Ele conduz a trama com sensibilidade mas não consegue fugir muito do lugar comum, nem acho que seja a intenção. No final temos um bom filme familiar que, se não deu mais uma indicação ao prêmio da Academia a Tom Hanks, ao menos o livrou de resumir 2022 (ano de lançamento nos EUA) a Gepeto, do malfadado Pinóquio da Disney, e o Coronel Tom Parker de Elvis.

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