Review | Ouija: Origem do Mal

Talvez o terror seja o gênero mais difícil de atrair e agradar ao público. Muitos diretores têm dificuldade em utilizar as ferramentas imprescindíveis para que um filme de terror assuste sem parecer forçado ou até mesmo tenha seus momentos de calmaria sem perder o fio da meada. Até mesmo por causa disso, quando assistimos a algum exemplar do gênero, somos muito críticos, já que o gênero ficou extremamente desgastado com o passar dos anos.

O diretor Mike Flanagan, que em 2016 já lançou três filmes – Hush: A Morte Ouve, O Sono da Morte e Ouija: Origem do Mal (do qual falaremos a seguir) – é mais um da nova geração do terror e mostrou que tem um estilo próprio, corajoso e que, apesar de utilizar diversos clichês, não se importa em inovar também.

Essas podem ser ciladas em filmes de terror: um clichê mal utilizado, uma inovação mal sucedida, ou até mesmo uma mistura de gêneros (terror com comédia em excesso) podem fazer com que a experiência não seja proveitosa e acabe sendo comprometida.

Em Ouija: Origem do Mal, Mike Flanagan consegue dosar isso muito bem, talvez seja seu trabalho mais maduro até aqui. Alguns clichês estão ali, mas são bem utilizados e não te fazem sentir raiva dos personagens, como a maioria dos filmes de terror. Os famosos jump-scare também existem, porém sem excessos.

É perceptível também o talento do diretor com a câmera em ação, os planos de enquadramento são ótimos, detalhes que precisamos ver serão vistos e os atores convencem, com destaque para a jovem Lulu Wilson. Talvez o calcanhar de Aquiles do filme seja apenas a história, já batida, mais do mesmo.

A história do filme se passa na década de 1960 e acompanha uma mãe e suas duas filhas, onde a mãe Alice Zander (Elizabeth Reaser da saga Crepúsculo, Grey’s Anatomy e The Good Wife) é uma espécie de médium que aplica golpes em seus clientes que a procuram para ter contato com algum familiar já falecido, apenas em busca de conforto. Ela conta com a ajuda das duas filhas, Lina (Annalise Basso) e Doris (Lulu Wilson) no charlatanismo. A trama conta também com um padre (Henry Thomas, o Elliot de ET – O Extraterrestre) que irá ajudar a família e é o diretor da escola onde as meninas estudam.

O tabuleiro Ouija entra em cena quando a filha mais velha, Lina, participa de uma brincadeira na casa de uma amiga e indica o artefato à mãe, que logo o adquire para utilizá-lo em suas sessões. É a partir daí que o terror começa a tomar conta da história.

Flanagan passa então a trabalhar com a parte mais difícil, convencer que o terror é bom e deixar o espectador amedrontado. O roteiro não é mirabolante e toda a explicação acerca do que acontece com aquela família é extremamente convincente, sem ideias absurdas. O filme possui ótimas cenas de tensão, como a que em a pequena Doris tem o primeiro contato com o tabuleiro. Inclusive, é também com ela a cena mais impactante do filme. Quanto ao resultado final do filme, se consegue assustar ou não, é uma avaliação bastante pessoal, que vai de cada um.

O filme não será lembrado como um clássico do gênero – acredito que nem tenha sido essa a ideia de Flanagan – porém tem seus méritos: o terço final na casa da família Zander gera uma ótima sequência e a garotinha Dóris se torna apavorante.  Destaques para a coragem do diretor no ato final e a condução da história que, como já disse, apesar de ser batida é competente e convence.

Quem é fã do gênero terror deve sim conferir Ouija: Origem do Mal. Afinal, em um ano em que o terror – e o cinema em geral – tem deixado a desejar, pode ser uma boa surpresa.

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