Review | Pânico VI

A volta de uma franquia consolidada há mais de uma década em seus quatro filmes é arriscada, ainda mais se tratando do gênero slasher. Pânico (2022) não só deu certo, como conseguiu iniciar uma franquia requel (sequência e reboot) de um dos maiores clássicos de terror que revolucionaram os anos 90, cortesia do diretor Wes Craven (A Hora do Pesadelo).

Pânico VI, agora nos cinemas, não só acertou na trama dos novos personagens, mas em mudar todo o cenário para Nova York, uma cidade maior, com mais possibilidades, que são muito bem exploradas nas mais tensas e brutais cenas de perseguição e mortes da franquia.

Os ataques que antes vimos acontecer em colégios e casas enormes, agora vemos em lojinhas, pequenos apartamentos e até no meio da rua. Interessante que, em meio a tanta gente numa cidade grande, os ataques sejam ousados e aconteçam em locais públicos. Porém, para apreciar algumas dessas cenas, é preciso deixar de lado o fato de ninguém ao redor ver, ouvir ou perceber o que está acontecendo, já que o próprio roteiro faz isso.

Os novos rostos são bem-vindos e os quatro sobreviventes da nova geração introduzida em Pânico, Sam (Melissa Barrera), Tara (Jenna Ortega), Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy Brown, que brilhou como o maior arco da metalinguagem durante o filme) entram ainda mais carismáticos e convincentes, tentando seguir a vida em Nova York após os acontecimentos anteriores em Woodsboro.

Esses eventos não só deixaram traumas na protagonista, como marcam um lado inquieto do psicológico de Sam, justamente na questão de herdar ou não a psicopatia do pai, que intriga e piora a situação quando certas acusações são feitas contra ela pela internet, mostrando – ainda que de forma rasa – o mal da atualidade: as fake news e o cancelamento de pessoas.

Temos também um momento que deixa no ar o desafio do cinema do terror slasher atual: tentar agradar um público que dificilmente se satisfaz com sequências, remakes, clichês ou filmes originais.

No geral, o longa foge um pouco das regras dos filmes anteriores, em que tudo começa com uma ligação em casa e termina num banho de sangue em uma festa (o que agrega originalidade), mas não abandona o tragicômico, a metalinguagem e cenas que homenageiam e reverenciam a própria franquia, dando a pitada certa de nostalgia para os fãs.

Se tratando do assunto, podemos destacar o retorno da personagem sobrevivente de Pânico 4, Kirby Reed (Hayden Panettiere) e mais uma vez a participação de Courteney Cox, que protagonizou a melhor cena de luta e perseguição da franquia e trouxe de volta a personalidade da Gale Wheaters que amamos, e que particularmente não acho que se mostrou no filme anterior.

A expectativa era que Ghostface se mostrasse muito mais violento, assustador, impiedoso… e de fato é. Entrega uma cena de abertura tensa, original e bruta. Durante o longa, o serial killer faz questão de honrar o legado de todos os assassinos anteriores de uma forma até contemplativa, exagerada e muito nostálgica.

Já o ato final não inova, não ousa e deixa muito a desejar na revelação de Ghostface e na motivação para a nova onda de assassinatos.

No entanto, apesar do final não surpreender como esperado e alguns detalhes que deixam a desejar, temos muitos acertos e Pânico VI não decepciona. É divertido, brutal e com uma dose de suspense e tensão de tirar o fôlego.

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