Um ano após premiar o japonês Assunto de Família, de Hirokazu Koreeda, com a Palma de Ouro, o Festival de Cannes entrega ao sul-coreano Parasita, de Bong Joon-ho, sua maior honraria. Sempre digo que o cinema coreano é como o hollywoodiano, só que bem melhor. Sua universalidade e coragem de tratar sobre os assuntos mais variados vão além dos clichês, convenções e estereótipos, e essa versatilidade e a ousadia em suas propostas é o que os torna tão fascinantes. Muito disso está presente em Parasite, um filme atemporal, brutal e angustiante.
Confira a sinopse oficial: toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos.
Assim como fizera no excelente O Hospedeiro (meu favorito), Joon-ho coloca uma família humilde no centro de sua história. O protagonista é interpretado por Song Kang-ho – em sua quarta parceria com o diretor -, aliás, assim como em Bacurau, outro premiado em Cannes (o júri estava com sangue nos olhos esse ano), há protagonistas em Parasita? Os personagens não são arquétipos, apesar de toda a superficialidade dos mais ricos e do jogo de aparências que os pobres se envolvem para ascender. Porém, eles são repletos de camadas, conflitos e questionamentos.
Review | Okja
A crítica social que Joon-ho propõe fica explícita a partir de certo ponto, seja pelos diversos simbolismos que ele vai imputando na história como nas relações das personagens com o meio. Alguns signos são mais óbvios (como as escadas) e outros nem tanto (como a pedra). Mas, assim como em Nós, de Jordan Peele, Parasita também funciona como mero entretenimento, hilário e tenso.
O que torna Parasita tão único e irreverente é a facilidade com que Joon-ho reúne vários estilos nesta trama de fundo social. A comédia da vida privada de uma família que labuta por um mero sinal de wi-fi, logo dá espaço ao thriller psicológico repleto de situações sufocantes para, ao final, se revelar um drama com forte apelo emocional e crítica pungente à classe dominante.
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Confira o trailer de Parasita, com distribuição da Pandora Filmes:
