Review | X-Men: Fênix Negra

Há pouco mais de um mês, Vingadores: Ultimato encerrava os primeiros 11 anos do Universo Cinematográfico Marvel com um sucesso retumbante de bilheteria e público. O que torna ainda mais ‘estranho’ assistir este X-Men: Fênix Negra, que fecha a saga dos mutantes de maneira tão impotente e decepcionante.

X-Men: Fênix Negra marca a despedida dos heróis mutantes após 19 anos de projetos comandados pela 21st Century Fox, comprada por US$ 71 bilhões pela Disney. Se não deve ser um grande êxito, ao menos pode se tornar a resposta, para um futuro próximo, de como a Marvel/Disney poderá superar seu primeiro ciclo, muito mais aclamado que os próprios X-Men em seus 12 filmes.  Oras, que fã de histórias em quadrinhos – ou mesmo os ‘novos fãs’, que conheceram os heróis no cinema – não querem ver seus mutantes favoritos interagindo com os Vingadores ou até mesmo com o Quarteto Fantástico, outra propriedade (re)adquirida pela Marvel?

Mas paremos de especular sobre o futuro e voltemos a falar sobre o presente. Se o desfecho desta quadrilogia não é bem o final que os X-Men mereciam – e nem o que os fãs esperavam -, ao menos dá um ponto final ao reboot iniciado em 2011, com X-Men: Primeira Classe.

Traçando um paralelo com X-Men 3: O Confronto Final (2006) – último capítulo da primeira trilogia – o longa escrito e dirigido por Simon Kinberg conta novamente como Jean Grey (Sophie Turner, de Game of Thrones) adquiriu um poder descomunal, que não parece capaz de controlar, e que a leva a rompantes de fúria que colocam todos ao seu redor em risco.

Apesar de Kinberg ter roteirizado outros longas dos mutantes como X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido e X-Men: Apocalipse, neste último capítulo ele parece desconhecer o material que tem em mãos e abandona quaisquer construção de personagens – talvez equivocadamente baseado em um apego nostálgico ou conhecimento prévio do público – para se calcar em uma premissa rasa com tentativas falhas de criar cenas de ação épicas no espaço e em um vagão de trem, onde apenas os efeitos visuais funcionam.

Entre as diversas escolhas ruins, talvez a maior delas esteja na utilização de Jessica Chastain. A atriz nunca deixou dúvidas de que é talentosa, mas aqui encarna uma vilã apática e genérica que não diz a que veio. Outro ponto fraco é a protagonista Sophie Turner, que não consegue transpor para as telas – e para sua Jean Grey – o protagonismo que a personagem exige. Assim, a ameaça dos superpoderes da Fênix ficam limitadas a diálogos expositivos. Nem mesmo o embate com o Magneto de Michael Fassbender (X-Men: Primeira Classe) é capaz de empolgar.

Até mesmo nos mais atrapalhados e mal recebidos longas dos X-Men, cenas marcantes e lutas memoráveis eram apresentadas – como não se lembrar da sequência em câmera lenta do personagem Mercúrio (Evan Peters) ao som de Sweet Dreams em Apocalipse?. Porém, neste X-Men: Fênix Negra, o espectador deverá se contentar com uma rápida aparição do personagem, em um confronto pouco inspirado contra ameaças do mal.

Pouco inspiradas também são as tentativas de evidenciar o protagonismo feminismo no filme, resumido em uma única frase dita pela Mística de Jennifer Lawrence para um questionado Professor Charles Xavier (James McAvoy): “talvez seja melhor mudar o nome para X-Women, já que as mulheres vivem salvando os homens do grupo”.

Ao final, X-Men: Fênix Negra é um conjunto de escolhas preguiçosas e sem sustentação que caminham para um final insosso. Caberá agora à Marvel/Disney dar novos rumos a estes personagens tão promissores, que poucas vezes tiveram sua diversidade explorada com competência. Um desafio e tanto para a Casa das Ideias, mas talvez um caminho de sucesso para uma nova fase do Universo Cinematográfico Marvel.

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