Review | Perdidos no Espaço (Netflix)

A Netflix lançou no último dia 13 de abril a primeira temporada de Lost in Space, o remake da clássica série Perdidos no Espaço, que foi ao ar entre 1965 e 1968. Surpreendentemente, apesar de ser assinada pela dupla Matt Sazama e Burk Shaspless (de Powers Rangers e Deuses do Egito), a produção é muito boa, pois preserva a premissa básica criada por Irwin Allen, mas atualiza o contexto para os tempos modernos.

Allen criou Viagem ao Fundo do Mar baseado nas 20 Mil Léguas Submarinas de Julio Verne; Túnel do Tempo na A Máquina do Tempo, de H.G. Wells; e Terra de Gigantes nas Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift. Perdidos no Espaço foi inspirado no romance Os Robinsons Suíços, de Johann David Wyss, que por sua vez se baseou no Robinson Crusoé, de Daniel Defoe. A diferença é que, ao invés de um marinheiro solitário, quem aporta numa ilha deserta após um naufrágio é uma família.

A aventura dos Robinson de Allen estava no contexto da corrida espacial, quando a tecnologia parecia tornar tudo possível e o otimismo ianque ainda era enorme. Na versão atual, num futuro não muito distante, a Terra é um planeta moribundo e a viagem rumo à Alfa Centauro é a tentativa de uma nova vida para os colonos e para a humanidade.

Os personagens também foram trazidos para nosso contexto. Os pais Maureen (Molly Parker, de House of Cards) e John (Toby Stephens, o vilão de 007 – Um Novo Dia para Morrer) estão separados na prática; a filha mais velha, Judy, veio de um primeiro relacionamento de Maureen, e de loira originalmente virou mulata (Taylor Russell, de Falling Skies). A filha do meio, Penny (Mina Sundwall, de O Plano de Maggie), que nos anos 60 era meiga e delicada agora é desbocada e sarcástica. Só o caçula Will (Maxwell Jenkins, que já tem no currículo Sense8 e Betrayal) continua sendo o pequeno nerd, só que agora mais frágil por conta da superproteção materna.

A esse núcleo familiar junta-se Don West (Ignacio Serrichio, de Bones), que de piloto militar virou mecânico e contrabandista nas horas vagas; o Dr. Smith, que do melífluo espião soviético infiltrado converteu-se numa mulher golpista (Parker Posey, de Superman: O Retorno): e o Robô, que de autômato projetado para servir os humanos, tornou-se um androide de origem alienígena.

Homenagens

A maior parte das mudanças dos personagens foi para melhor, não apenas na atualização para o século XXI, mas na profundidade. Maureen é agora uma cientista aeroespacial e é a cabeça da família. John é um militar que após passar anos fora, tenta se reconectar com a família. Quem mais sofre com a comparação com o personagem original é Parker Posey. Por mais que se esforce, é quase impossível recriar o misto de repulsa e simpatia provocadas pelo Zachary Smith de Jonathan Harris (nem Gary Oldman conseguiu!). Tanto é que, o nome real da personagem homenageia o ator: June Harris. Outra homenagem/easter egg é o ator de quem June rouba a identidade de Dr. Smith: o próprio Billy Mumy, que foi o Will Robinson dos anos 60.

A mistura de história completa em dez episódios com o procedural também é bem feita. A cada capítulo, há situações de suspense muito bem construídas e movimentadas. E como há diversos flashbacks ao longo da narrativa, vamos descobrindo aos poucos detalhes dos personagens centrais.

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