Review | A Guerra de Anna (Cinema Virtual)

O Topázio Cinemas apresentou uma novidade para o público, o Cinema Virtual, uma plataforma de streaming que contará com títulos alternativos e premiados. O catálogo de filmes programados em Indaiatuba pode ser conferido através do link www.topaziocinemas.com.br/cinemavirtual. O filme de estreia é o drama russo A Guerra de Anna, cujo review você confere abaixo!

Saiba mais em: Topázio Cinemas entra na plataforma Cinema Virtual.

Um dos países que continua exportando seus dramas de guerra é a Rússia. Após candidatar Sobibor (2019) à categoria de melhor filme internacional (ainda melhor filme estrangeiro na época), no ano em que Roma venceu, agora os russos chegam aos nossos cinemas (virtuais) com A Guerra de Anna, dirigido por Aleksey Fedorchenko, que reúne certas semelhanças com outro longa que esteve no último Oscar: Jojo Rabbit.

Anna (Marta Kozlova) é uma garotinha judia de 6 anos e única sobrevivente de um ataque à sua família. Após o milagre, Anna é resgatada por um casal de velhinhos que logo arranjam uma forma de se livrarem dela “se eu a entregar para os nazis eles podem desconfiar de mim”, diz a senhora ao confiar a garota a um homem que trabalha em uma obra em um edifício que viria a se tornar um escritório de comandantes nazistas. Anna foge e se esconde na lareira do local, ali ela irá lutar por sua sobrevivência.

As semelhanças com Jojo Rabbit param por aí, assim como a judia vivida por Thomasin McKenzie no filme de Taika Waititi, Anna se esconde em um local constantemente visitado por nazistas, no entanto, Anna trava sua jornada sozinha, sem apoio de amigos imaginários ou crianças boazinhas. Acompanhamos então a saga de uma garota dentro de um edifício vazio à noite e cheio de nazistas durante o dia. À noite, tal qual um animal acoado, Anna sai em busca de quaisquer migalhas para se alimentar e de agasalhos para se manter aquecida.

O tom intimista toma conta da narrativa. Anna é a única personagem que acompanhamos, a Fedorchenko não interessa mostrar outras histórias ou personagens, os poucos que aparecem surgem como ameaça à “paz” de Anna. Somos os únicos cúmplices da garota sob condições desumanas mas com grande instinto de sobrevivência. A trama inclusive nos é apresentada em fragmentos, como se estivéssemos observando um estudo antropológico de personagem, tal qual O Garoto Selvagem, de François Truffaut.

Sem maneirismos, A Guerra de Ana ganha força por não abusar da trilha sonora ou de outros elementos – sequer pensamentos ou vozes baixas da garota são apropriados, em certo momento um choro contido aparece, sem dramatização exagerada -, a simplicidade toma conta da narrativa. De duração curta, não é difícil se envolver com o dia a dia de Anna, vamos torcendo então para que o confronto lá fora acabe e que Anna tenha êxito em sua própria guerra pela sobrevivência. Seu final, no entanto, não é embalado por Heroes, de David Bowie, Anna é sua própria heroína.

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