Review | Horizonte Profundo – Desastre no Golfo

Mark Walhberg em cena de 'Horizonte Profundo'

Subgênero popular em Hollywood nos anos 70, os filmes catástrofes já renderam grandes clássicos como Aeroporto, O Destino do Poseidon, Terremoto e O Inferno na Torre. Vindos da mesma década, a estrutura dessas produções eram parecidas, sempre tinham grandes astros no elenco com uma missão: fazer de tudo para sobreviverem às mais variadas catástrofes. Depois de uma pausa, nos anos 90 a temática foi resgatada e surgiram filmes como O Inferno de Dante, Volcano, Impacto Profundo e Armageddon. O gênero continuou presente em O Dia Depois de Amanhã e 2012 e mais recentemente foi visto em Terremoto – A Falha de San Andreas.  Agora chega aos cinemas Horizonte Profundo – Desastre no Golfo.

Deepwater Horizon – título original do filme – era uma plataforma petrolífera que explodiu em 2010 no Golfo do México, nos Estados Unidos, deixando 11 mortos e um rastro de destruição ecológica sem precedentes. Baseado nesses eventos, o filme comandado por Peter Berg e estrelado por Mark Walhberg – repetindo a parceria vista em O Grande Herói – reconta essa história.

Peter Berg tem em seu currículo filmes interessantes de ação, por isso sua escolha para comandar essa produção não chega a ser uma surpresa. O diretor repete neste filme a prática adquirida em O Grande Herói, a de fazer um filme pipoca recheado de ação, mas sem se render facilmente aos clichês do gênero, muito utilizados em Hollywood.

Horizonte Profundo não recorre a artifícios emocionais fáceis como, por exemplo, cenas gratuitas, trilha sonora triunfante, câmera lenta ou bandeira americana tremulando. Fica claro que Peter Berg não é Michael Bay. A nova superprodução não perde sua característica de espetáculo, mas também não fica presa somente nisso.

O filme parte para uma ação mais real ao retratar o drama dos trabalhadores e seus conflitos. Desde o início, nos deparamos com questões que fazem os personagens discordarem e agirem conforme a ética de cada um. Com efeitos visuais realizados sob medida e com cenas de ação empolgantes, o filme é um entretenimento de primeira, que conquista pela simplicidade, retratando de forma realista os acontecimentos – observe a caracterização dos atores, extremamente sujos de lama, óleo e lágrimas, passando toda a verdade exigida para a trama. A produção acaba pecando apenas por não se aprofundar em alguns dramas, exercício necessário para a plateia se interessar mais pelos personagens e suas lutas para sobreviverem e voltarem para casa.

Mesmo fugindo de toda a didática de um filme catástrofe, Peter Berg consegue apresentar um exemplar competente do gênero, mesmo sucumbindo ao famigerado clichê do herói salvando a mocinha, passagem desnecessária. O versátil Mark Wahlberg mais uma vez convence, encabeçando um elenco bem escalado e dando o melhor de si.

O filme não esconde seus culpados, mostrando toda a responsabilidade da companhia petrolífera, mas não aproveita a ocasião para ir além em questões ambientais. Como um grande filme de estúdio, Horizonte Profundo consegue tratar com seriedade os acontecimentos, sem esquecer sua função de entreter, provando que grandes espetáculos visuais podem ser produzidos com inteligência e sem apelações.

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