Review | SNK Heroines: Tag Team Frenzy

Apresentado ao público pela primeira vez na E3 de 2018 e disponível desde setembro para PlayStation 4 e Nintendo Switch, “SNK Heroins: Tag Team Frenzy” é um jogo de luta desenvolvido pela japonesa SNK e seu principal destaque fica por conta de ter em seu elenco de lutadores apenas personagens femininos. Tratam-se de lutadoras que já participaram de outros jogos da SNK além de algumas versões femininas de personagens originalmente masculinos. O caso mais emblemático fica por conta de Terry Bogard, um dos mais clássicos e populares lutadores da série The King of Fighters, e que aqui é representando por uma garota, que inclusive carrega o nome de Terry sem adaptações. Esse tipo de transformação, assim como colocar a mulher em destaque absoluto, ainda que de maneira estereotipada, é reflexo de um fenômeno conhecido como waifu, presente especialmente em animes desde o início dos anos 2000.

Jogabilidade acessível e divertida

Como o próprio nome sugere ao trazer em seu título a expressão “tag team”, em SNK Heroins as disputas são entre duplas, porém não espere muita interação entre as personagens da equipe ou combos combinando sequencias baseadas nas habilidades de cada uma. O que se tem na prática é apenas a possibilidade de alterar entre as lutadoras da equipe durante a luta, sem grande estratégia pois há uma barra única de vida compartilhada. A principal função da lutadora que não está em combate é fazer uso de alguns itens especiais, que a protagonista em ação pode coletar durante a disputa, no maior estilo Mario Kart. São rochas gigantes, marteladas, molas de apoio entre outros itens que podem ser bastante úteis se usados no momento certo.

Em termos de jogabilidade não é exigido uma grande habilidade por parte do jogador para conseguir executar combos e movimentos especiais. Há um botão de ataque forte, um de ataque médio e um de ataque especial. Há ainda um botão dedicado para movimentos técnicos como defesa, cancelamento e contra ataques. Esqueça todos as combinações de meia lua e soco, trás + baixo + trás + chute, entre outras tão frequentes em jogos de luta. Em SNK Heroins basta acionar o botão de ataque especial combinado apenas com um toque em qualquer direcional para ver a execução de golpes mais elaborados e potentes. Há variações ainda se o botão é pressionado quando o personagem está no ar. É claro que essa simplicidade tem um preço. Há uma barra de consumo para execução de golpe especial que é revigorada com o tempo, ao sofrer danos ou atacar novamente o inimigo com golpes padrão.

Nem quem ganhar vai ganhar ou vai perder…

É justamente essa barra que comentei anteriormente que define os combates. Mesmo que você tire toda a barra de energia do seu adversário isso não vai te garantir a vitória, como ocorre na maioria dos jogos de luta. Ao atingir determinado ponto da barra de vida do inimigo é necessário ter acumulado nível suficiente em sua barra de golpes especiais para executar um golpe de finalização, que também é simplesmente acionado por um toque em um botão e deve ser utilizado no momento certo.

Para mim, esse gerenciamento das barras de energia e de golpe especial são o que adicionam um algo a mais para o título e o diferencia para não ser “somente mais um joguinho de luta, só que com meninas”. Não foram raras as disputas em que eu já havia detonado o inimigo, mas não conseguia finalizar a partida por não ter acumulado energia o suficiente para executar a finalização. Em algumas dessas lutas inclusive por não ter gerenciado muito bem esses atributos acabei sofrendo a virada. Cabe mencionar que a inteligência artificial do jogo não comete esse tipo de vacilo a administra de maneira perfeita e equilibrada as duas barras. Então é bom tomar cuidado. O fato da dupla compartilhar tanto a mesma barra de vida como de especial facilita a administração, mas limita a variação de estratégias e chances de recuperação no combate.

No geral, a dificuldade da inteligência artificial é equilibrada e justa e respeita uma curva de aprendizado do jogador. Com lutas mais simples no início e aumento gradual da dificuldade. A única ressalva vai para a disputa final do modo arcade em que a dificuldade me parece muito mais alta do que a média enfrentada até esse combate. O último inimigo (sim, é um homem. O único presente em todo o jogo) apela bastante e precisei de muitas lutas para poder vencê-lo.

Modos de jogo e conteúdo

Além do modo versus, treinamento e online há uma história para ser contada através do modo arcade. Não espere nada muito denso ou elaborado e sim apenas uma “desculpa” para reunir e botas as meninas para se baterem. Todo enredo do jogo se passa alguns dias após a última edição do torneio The King Of Fighters quando misteriosamente algumas lutadoras de artes marciais perdem a consciência e despertam em uma estranha mansão. Não há motivos aparentes para Terry Bogard ter perdido a consciência também e ter sido transformado em mulher quando acorda (!). Mas calma que ainda piora. Lutando entre elas, acabam descobrindo que tudo faz parte do plano de Kukri (lutador que foi introduzido na série em The King of Fighters XIV) que criou uma nova dimensão e sequestrou as meninas para transformá-las em estátuas de areia para sua coleção particular.

Disputando o modo arcade e online o jogador adquire pontos que servem como uma moeda interna. Com essas moedas é possível destravar personalizações para todas as lutadoras. É nesse ponto que o jogo se reafirma como um verdadeiro fan service, diverte e satisfaz aqueles que gostam de animes e de customizar roupinhas e acessórios. Se não bastassem as curvas e as formas sensualizadas das garotas ainda é possível conferir três trajes para cada uma e que podem ser completados com acessórios como óculos, máscaras, laços, etc. Importante ressaltar que mesmo os trajes originais são no mínimo curiosos e mechem com o imaginário dos fãs. Estão presentes todos os estereótipos, desde estudante e cheerleader até policial e coelhinha. Vai ter muito jogador repetindo o modo arcade e jogando muito online para conseguir desbloquear tudo.

Pontos para a parte técnica

Não esperaríamos nada diferente vindo da SNK. O estilo gráfico é bonito e colorido, combinando muito bem com a temática e estilo. O jogo roda liso a 60 quadros por segundo e as lutas são em 2D mas o jogo tira proveito de uma engine e modelos 3D para ganhar profundidade em cenários e detalhes nos movimentos e acabamento das personagens. A trilha sonora, se não é uma obra de arte, ainda sim cumpre bem o seu papel de forma variada. O jogo está localizado para menus e legendas em português, mas sua dublagem está toda em japonês, não havendo nem sequer a opção em inglês. Mesmo sem entender nada de japonês acabou que essa condição deu ainda um charme a mais a atmosfera.

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Este review foi produzido com uma cópia de PlayStation 4 cedida pela assessoria de imprensa da SNK.

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