Review | Bel-Air (2022)

Já escrevi algumas vezes aqui sobre um ou outro reboot de Hollywood, e na maioria deles deixei claro que em minha opinião, poucos são realmente necessários.

E confesso que, ao ver a notícia sobre um reboot de Um Maluco no Pedaço, tive a impressão de que seria apenas mais uma produção caça-níqueis sem conteúdo. E confesso que, após assistir a primeira temporada, percebi que Bel-Air, a nova versão dramática sobre a vida de Will Smith, seria uma exceção.

Bel-Air está longe de ser uma série perfeita. Começa atropelada, apresentando tudo de uma vez, fazendo com que fiquemos confusos, afinal, ela nos apresenta exatamente os mesmos personagens, mas com características totalmente diferentes. O único que tem características parecidas ali é o personagem principal, Will (Jabari Banks).

Em pouco mais de 40 minutos somos apresentados a um Tio Phil (Adrian Holmes) poderoso e manipulador, disposto a tudo para manter as coisas do seu jeito, diferente daquele bondoso e divertido Tio Phil da série original.

Uma Hillary (Coco Jones) moderna, blogueira, buscando seu espaço no meio da toxicidade das redes, e uma Ashley (Akira Akbar) que, apesar de começar a levantar debates sobre sua sexualidade, ainda tem pouco espaço durante a trama.

E sim, até o Jazz está lá, um bem sucedido dono de uma loja de discos, longe de ser aquele bobão que conhecíamos.

Temos ali também um Carlton (Olly Sholotan) arrogante, lutando contra as dificuldades de ser o único negro em uma escola de ricos, e um Geoffrey (Jimmy Akingbola) que é praticamente um gangster moderno.

Os nomes são semelhantes, mas o que vemos são personalidades mais profundas e dramáticas do que as da série original. Apesar disso, ao longo dos 10 episódios da primeira temporada, podemos começar a nos acostumar com tais novas personalidades e entender o motivo da série ser tão necessária em dias atuais.

Mergulho

Fresh Prince, lançado nos anos 90, apesar de todo seu clima leve e divertido, era uma série muito importante. Como poucas, trouxe à tona temas relevantes à sociedade, como racismo, violência, além dos problemas familiares de Will, entre outras coisas.

Em Bel-Air, o que vemos é um mergulho ainda maior em tais temas, carregados de drama e verdade (sem ironias com uma das cenas dos primeiros episódios, não quero dar spoilers).

Jabari Banks, o jovem que dá vida a Will, consegue trazer muitos traços do velho Will (o do Will Smith mesmo), com seu jeito solto e alegre. Mas em grande parte da série, o drama toma conta, e o ator consegue equilibrar tais momentos, tornando-se o mais fiel entre os personagens deste reboot.

Cassandra Freeman também se destaca como Vivian Banks e os dois personagens acabam concentrando as atenções, junto com Olly Sholotan, o Carlton, que surpreende por ser totalmente diferente daquele que conhecemos.

No geral, Bel-Air consegue trazer frescor a uma história que já conhecemos, ao contrário do reboot de Anos Incríveis (que em breve devo falar sobre aqui também, mas que aposta na mesma fórmula para uma história totalmente nova).

Pelo peso de algumas cenas, em certos momentos a série incomoda, principalmente aquelas envolvendo discussões familiares e a “briguinha de Will” na Philadelphia – ainda mais depois do que vimos no caso George Floyd.

Por tudo isso, todo e qualquer movimento que incomode e incite debates para esses problemas é mais do que necessário.

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