Review | American Gods (1ª temporada)

Esse primeiro semestre já nos havia trazido a ótima Legion, inspirada em um personagem do universo mutante da Marvel, mas que ultrapassou o que se espera de uma produção derivada de histórias em quadrinhos (leia o review da primeira temporada clicando aqui).

Agora foi a vez de American Gods, disponível no Brasil pela Amazon Prime Video. Ela não vem exatamente dos quadrinhos, mas de um romance do grande Neil Gaiman, que ganhou fama com a graphic novel Sandman. Quem conhece seu estilo e o modo como ele aborda e recria antigas mitologias vai reconhece-los imediatamente na série. O presidiário Shadow Moon (Ricky Whittle, da série Os 100) sai da prisão ansioso para reencontrar sua mulher Laura (Emily Browning, a Baby Doll de Sucker Punch: Mundo Surreal, em atuação surpreendente), quando é abordado por um estranho no aeroporto. Este se identifica simplesmente como Wednesday (o ótimo Ian McShane, de Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas) e lhe propõe que o acompanhe numa jornada e acaba colocando-o numa briga com Mad Sweeney (Pablo Schreiber, de Orange is the New Black). Shadow acaba descobrindo que sua mulher não apenas morrera num acidente de carro como também o traía com seu melhor amigo. Sem ter mais nada a perder, decide acompanhar Wednesday em uma série de aventuras perturbadoras.

A identidade de Wednesday é um segredo de polichinelo, já que qualquer criança americana sabe que os dias da semana em inglês são dedicados aos deuses nórdicos, no caso da nossa quarta-feira, a Wotan, ou Odin. O briguento Swenney se identifica como um leprechaum, anão do folclore irlandês, embora tenha 1,95 metros de altura. Os dois fazem parte de antigas divindades que imigraram para a América junto com seus fiéis, em diversas levas imigratórias desde a pré-história, passando pelas incursões vikings e pelo tráfico de escravos, até os refugiados contemporâneos. A maioria deles vivem à sombra dos novos deuses, divindades originárias da adoração dos americanos pela tecnologia: Technical Boy (interpretado por Bruce Langley, de Deadly Waters), Media (papel magistralmente vivido por Gillian Anderson, a eterna Scully de Arquivo X) e Mr. World (encarnado por Crispin Glover, de De Volta para o Futuro).

Outras caras famosas vivem velhos deuses que eles encontram pela estrada como Cloris Leachman (Oscar de atriz coadjuvante por A Última Sessão de Cinema), Peter Stormare (um dos russos “oficiais” de Hollywood, apesar de ser sueco, que atuou em Fargo), Corbin Bernsen (veterano da TV, do seriado Psych) e Kristin Chenoweth (que ganhou um Emmy de atriz coadjuvante por Pushing Daisies) no papel da deusa Ostera, peça-chave na trama de Wednesday.

Alguns episódios são abertos por histórias paralelas envolvendo a vinda das crenças à América, nas quais Yetide Baldaqui (de Masters of Sex) como a deusa do sexo mesopotâmica Bilquis e Orlando Jones (de Evolução) como a entidade africana Mr. Nancy dão um show a parte. A abertura do episódio três já entrou para a história por causa da mais explícita – e por que não dizer, sensível – cena de sexo gay já mostrada na TV americana.

 

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