Review | Columbus

Não há dúvidas de que o cinema é uma arte. Arte que inspira e que tanto apreciamos. Tão rico, pois utiliza de sua fácil assimilação para tratar de quaisquer assuntos, inclusive outras artes.

Em Columbus, o diretor coreano Kogonada – em sua estreia – trata a arquitetura da cidade com carinho. Localizada no estado de Indiana, nos Estados Unidos, Columbus é conhecida por ser um marco da arquitetura moderna, com seus prédios, construções e belas paisagens.

No filme, Jin (John Cho, de Star Trek) é um escritor de meia-idade que volta para a cidade pois seu pai está quase falecendo. Casey (Haley Lu Richardson, de Quase 18) é uma jovem que vive com sua mãe enquanto trabalha em uma biblioteca da cidade e é apaixonada por arquitetura. Ambos irão se conhecer e dividir momentos que servirão de refúgio para si.

Kogonada, que também é o roteirista, consegue tratar diversos temas como a morte, separação, relações familiares, sonhos e, claro, a arquitetura, sempre de maneira delicada e sutil. É um deleite visual ver como o diretor consegue aliar a rica arquitetura de Columbus aos momentos em que Casey e Jin interagem, nunca sendo gratuito. A paixão de Casey pela arquitetura é um grande combustível para isso, mas Jin também contribui, já que seu pai é um grande nome da área e ele próprio começa a conhecer mais do assunto devido a seu interesse por Casey.

O romance entre os dois é mais um grande trunfo de Kogonada, sem partir para o sentimentalismo ou sexualidade, ele usa a cumplicidade e afetividade para dar força ao sentimento entre ambos. Extremamente genuíno e emocionante. É difícil não se lembrar de Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola, onde os personagens de Scarlett Johansson e Bill Murray interagem numa Tóquio tão cheia, mas onde se sentem extremamente solitários.

O elenco de apoio é outro ponto a se destacar e mostra como Kogonada trabalha bem seus personagens. Eleanor (Parker Posey, de Café Society) é amiga de Jin e divide algumas cenas com ele, seus diálogos são sempre verdadeiros e trazem algo que Jin precisa, mas nunca encontra sozinho. Rory Culkin (A Fita Azul), o eterno irmão de Macaulay Culkin, divide algumas falas com Haley Lu Richardson e tem uma das cenas mais belas de todo o filme, sua expressividade e seu olhar conseguem dizer muito mesmo sem proferir palavras.

É impossível não elogiar o filme sem destacar todo o trabalho de Kogonada, mas outro que deve ser destacado é o diretor de fotografia Elisha Christian. As tomadas externas das paisagens de Columbus e os closes nas construções arquitetônicas da cidade são excelentes. Nos ambientes internos, o filme também tem sua parte técnica valorizada. Há uma cena entre John Cho e Parker Posey, dentro de um quarto, onde o jogo de câmera e a disposição dos elementos em cena são um deslumbre.

É difícil não se apaixonar por Columbus, todas suas formas, seus dramas e seus personagens tão cativantes. Kogonada trata seus assuntos de uma forma que não é preciso entregar tudo em seu final, seu trabalho de personagens é rico, acompanhamos a evolução de cada um e, ao final, fica aquela sensação de que sabemos o que eles pensam e o que será de cada um deles.

Um trabalho excelente de um diretor estreante – oriundo de uma escola rica – e que promete muito para o futuro.

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