Review | Power Rangers

Qualquer ser humano que foi criança no início dos anos 1990 conhece os Power Rangers. Sucesso entre os jovens, era comum ver turmas de amigos brigando para decidir antes de a brincadeira começar quem seria o Ranger Vermelho, quem namoraria a Ranger Rosa, quem era o mais forte da equipe e quem lutava melhor contra inimigos imagináveis. Esses elementos marcaram a infância e fortaleceram a amizade de muitos jovens.

Sucesso na televisão e em linhas de brinquedos, os Power Rangers se tornaram uma mania mundial que durou bastante tempo dividida em várias temporadas ao longo da década. Mas para muitos nenhuma dessas temporadas foi tão importante quando a Mighty Morphin (1993-1996) que ainda renderia um filme.

Vinte e quatro anos após estrear nas telinhas, os Power Rangers estão de volta. E não poderia ser numa hora mais apropriada, já que as telas dos cinemas nos últimos anos foram invadidas por produções envolvendo os mais variados super-heróis.

A missão de remodelar os Power Rangers ficou a cargo de Dean Israelite (Projeto Almanaque) que encontrou no texto de John Gatins, uma narrativa de origem necessária, baseando-se na ideia do estúdio de criar um novo universo, uma nova mitologia que se tudo der certo será desenvolvida em mais cinco filmes.

Dessa forma, tratando-se de um filme de origem uma das coisas mais interessantes do longa é a apresentação dos personagens. Diferentemente dos jovens politicamente corretos vistos na série clássica, os personagens de agora são abordados de uma forma mais realista. Eles não são mais os adolescentes legais e agradáveis, eles agora são mais verossímeis, com problemas que encontramos no dia a dia. Cada um tem suas peculiaridades e o roteio entende bem isso explorando o drama adolescente e a singularidade de cada um.

Entretanto de nada adiantaria um reboot se os icônicos super-heróis e seus conhecidos uniformes fossem apresentados sem a nostalgia aguardada pelos fãs. Como visto nos sucessos recentes Jurassic Word e Mad Max, a onda de reboots está dando certo justamente por saber dosar a nostalgia com a originalidade, agradando assim os fãs e conquistando uma nova plateia. Neste quesito, Power Rangers é bem sucedido, entregando um material satisfatório para os fãs e também oferecendo um entretenimento bem razoável para aqueles que estão conhecendo os heróis agora ou apenas a procura de uma diversão.

O longa tem elementos bem apelativos com momentos verdadeiramente engraçados e divertidos, também consegue ser sombrio. Estas mudanças de tom durante a projeção nem sempre acontecem de forma gradativa. A transição muitas vezes é brusca fazendo com que o ritmo fique bastante inconsistente.

Durante o longa fica a impressão que o filme é dividido em três atos: a introdução dos personagens, seguido depois pelo treinamento, culminando na batalha dos Rangers com Rita (Elizabeth Banks) e seu gigantesco Goldar. A introdução dos personagens, como já dito é acertada. O treinamento é o momento onde o roteiro cria uma barriga e se arrasta demais. Alpha 5 (com a  voz de Bill Hader) é uma figura simpática mas é comprometido por participar somente deste seguimento. Nem a relação de Zordon (Bryan Cranston) com os jovens parece interessante. O filme volta a crescer na batalha final, justificando o título do filme com cenas de ação bem empolgantes. É neste último momento que vemos o colorido e a marca conhecida dos heróis. Dedicando tempo às lutas com robôs gigantes, o roteiro se esquece de uma das coisas mais legais da série, as lutas dos Rangers com os bonecos de massa – agora devidamente remodelados – só uma sequência não é suficiente para satisfazer os mais saudosistas.

Os cinco jovens atores escolhidos Dacre Montgomery, Naomi Scott, Ludi Lin, Becky G e RJ Cyler cumprem bem seus papeis, alguns vão melhores que os outros sendo fácil para a plateia se identificar. Todos têm carisma e dramas suficientes para serem explorados das mais variadas formas nos próximos filmes.

Com Bryan Cranston só trabalhando com a voz, sobra para Elizabeth Banks roubar a cena. Assumidamente canastrona e caricata, Elizabeth defende a personagem com exageros e trejeitos que só funcionariam neste filme. A atriz compõe uma Rita Repulsa excêntrica e assustadora, digna de uma perigosa vilã.

No filme, a busca pela origem pode soar como uma falta de identidade para este primeiro momento, o que se justifica, já que antes de se trabalhar uma identidade própria o filme precisa fazer algumas concessões para ser aceito, gerar dinheiro e daí sim partir para uma trama mais sólida, onde possa ser criado uma mitologia que desperte o interessa do público e de força para brigar por um espaço num competitivo mercado de superproduções.

Entre erros e acertos e com algumas pretensões e boas ideias, Power Rangers acaba sendo um entretenimento para se ficar de olho.

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