Review | Medo Profundo: O Segundo Ataque

Johannes Roberts é um apaixonado por histórias de terror. Apesar de ter ficado mais conhecido no mainstream por dirigir a sequência de Os Estranhos, em 2018, e o primeiro Medo Profundo, em 2017, desde 2001 ele dirige filmes B de terror. Nada que seja relevante, mas que demonstram que seu lado experimental é algo a ser explorado por algum estúdio que lhe dê liberdade o suficiente para brincar. Quem sabe no reboot de Resident Evil?

Se em Os Estranhos – Caçada Noturna e Medo Profundo, Roberts ainda não havia mostrado material o suficiente para que pudéssemos ficar de olho nele, neste Medo Profundo: O Segundo Ataque é perceptível que há uma maturidade adquirida. No longa de 2017, Roberts empregou um tom ameno demais em um filme que necessitava da tensão inerente aos filmes de tubarão e, apesar da má recepção da crítica, o filme foi bem nas bilheterias.

Com isso, não é de se espantar que o filme tenha ganho esta sequência, e aqui Roberts muda completamente o tom em comparação ao do primeiro filme. Na verdade, O Segundo Ataque não tem ligação alguma com o filme de 2017, a não ser pelo fato de ambos serem protagonizados por duas irmãs e suas histórias se passarem no México.

Trauma

Em Medo Profundo: O Segundo Ataque, Mia (Sophie Nélisse, de A Menina que Roubava Livros) passa por um momento traumático que muitas adolescentes devem se identificar: além de sofrer bullying na escola, tem que lidar com a mudança para o México e o novo casamento de seu pai, o mergulhador Grant (John Corbett), assim como relação nada afetuosa com a meia-irmã Sasha (Corinne Foxx, filha do ator Jamie Foxx, estreando nos cinemas), filha de sua madrasta Jennifer (Nia Long).

Apesar de estudarem juntas e conviverem aparentemente bem com seus pais, a relação entre ambas é complicada, algo que o roteiro da dupla Ernest Riera e Johannes Roberts deixa a desejar por não explorar até que ponto vai o atrito entre as irmãs, afinal, o que interessa à dupla de roteiristas é que a história siga logo para os túneis submersos onde um tubarão branco está à espera das jovens. Para melhorar essa relação, Grant e Jennifer têm a ideia de mandar as duas juntas a um passeio para que estreitem laços.

Em busca de aventura – e para fugir das valentonas da escola que também iriam ao passeio – Sasha e Mia se juntam a Alexa (Brianne Tju) e Nicole (Sistine Rose Stallone, filha de Sylvester Stallone, também estreando nos cinemas) para desbravar uma caverna submersa que é um labirinto com poucos bolsões de ar, o que faz com que logo nos venha à cabeça: “ótimo, mais jovens para serem mortas em um cenário que possibilita mais oportunidades”, já que no longa anterior, Mandy Moore e Claire Holt tinham que interagir entre si por 90 minutos enjauladas no fundo do mar.

Se a primeira parte do longa é bem lenta – quando somos apresentados às quatro jovens e conhecemos seus instintos de aventureiras inconsequentes – a partir da metade, o diretor Johannes Roberts recorre aos típicos clichês do gênero para nos causar tensão – personagens perdidas, o oxigênio no fim, escolhas equivocadas e uma ameaça sempre invisível que surge do nada para dar um bom susto.

Tudo é bem executado, na média do gênero, ou pelo menos é o que o espectador acostumado com filmes do tipo espera. Até porque, francamente, o subgênero de filmes de tubarões não entregou nada relevante desde que Steven Spielberg dirigiu Tubarão em 1975. Tanto que um dos poucos filmes que teve destaque neste intervalo é o eficiente Águas Rasas (2016), de Jaume Collet-Serra.

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